quinta-feira, março 02, 2006

Economia do Abadá

Esse Post foi originalmente um comentário que eu dexei no Gustibus.
Leo,

Você levantou uma questão interessantíssima, afinal o carnaval de Salvador se financia basicamente com a venda dos abadás.
Quem compra os abadás, o fazem porque querem fazer parte de um grupo seleto (quanto mais caro o abadá, mais seleto o grupo), com mais segurança, mais gente bonita...
Portanto quanto maior for a segregação no Carnaval, maior é a viabilidade financeira dos blocos e de todo o carnaval que sobrevive taxando e regulando os blocos.

Agora que entra o problema, a tendência dos ultimos anos do carnaval de Salvador é a diminuição dessa segregação, por diversos motivos.
Pelo aumento de turistas de baixo orçamento não dispostos a comprar abadás, pelo aumento do circuito do carnaval (deixando quem está fora da corda com mais espaço) e pelo aumento do policiamento, tornando este espaço mais seguro.

Resumindo, a diminuição da segregação teve como resultado a diminuição dos preços dos abadás, que cairam bastante esse ano (especialmente nos ultimos dias).
Agora Leo, quem conseguir responder essa pergunta que você levantou, deve se explicá-la rapidamente a prefeitura de Salvador, que gasta uns 14 milhões com a festa e não arrecada nem 1 milhão em patrocínios.
Mas a questão que eu levanto é a seguinte, será a prefeitura vítima do seu próprio sucesso?

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Outra coisa interessante foi aquela feirinha de abadás no Aeroclube, um quase-exemplo de concorrência perfeita, só faltava aquela parafernalha da Bovespa pra pessoas acompanharem as cotações no telão.

O Leo, tinha questionado se "essa situação é eficiente? Ou seja, dá pra melhorar a posição de alguém sem piorar o outro? ... como manter o business do carnaval na bahia sem os abadás?"
Quem souber responder...

6 comentários:

Anônimo disse...

Feijão, eu sinceramente tenho minhas dúvidas quanto a idéia de que é a arrecadação dos abadás que financia o carnaval. Talvez fosse interessante consultar alguém do ramo quanto a participação dos patrocinadores na economia do carnaval. Diga logo que você achou interessante o paradoxo "segregação x sobrevivência do carnaval" vá.... hehehehehe.
Mesmo esse lance de a prefeitura não ganhar nada com patrocínio: me parece que as entidades governamentais funcionam muito mais como patrocinadoras de atividades artísticas. Talvez não no carnaval, mas diversos eventos populares como shows, peças de teatro e tal recebem apoio do governo federal...da prefeitura muito menos, é claro, mas com a logística pelo menos ela constuma entrar.
Domingo pela manhã mesmo eu ouvi da Ivete Sangalo na televisão, num comentário aleatório dela, que quem pagou seu cachê foram os patrocinadores. Também é comum ouvir por aí que a ford banca o custo do chiclete com banana por completo, nos três blocos que a banda toca. Sem falar no poço de publicidade que é um camarote hoje em dia.
Eu sempre achei que o dinheiro dos abadás, mesmo nos blocos mais caros, seria um ganho menor comparado ao retorno popularizante que a exposição publicitária do carnaval dispõe - o que, convenhamos, é extraordinária, tendo em vista o coletivo que vai às ruas ou assiste ao carnaval de alguma outra forma.

Rodrigo

Anônimo disse...

Observação: Pra aquela feirinha do aero ser de concorrencia perfeita faltaria ainda a livre entrada (que não acontece pelo fato renda) e o produto ser homogêneo...

Anônimo disse...

Nos ganhos totais da Prefeitura de Salvador deveria ser incluído, além da receita com quotas de patrocínio, o aumento de arrecadação com impostos locais sobre hotéis, restaurantes etc. devido ao aumento sazonal de consumidores providenciado pelo Carnaval, não ?

abçs

Anônimo disse...

Boxel, veja só, uma coisa são os patrocínios privados (de Ivete do Chiclete, dos blocos em geral) outra coisa são os patrocínios públicos nos quais a prefeitura não tem muitos espaços pra alugar e não arrecadou nem um milhãozinho.
Me recordo de uma entrevista do responsável da prefeitura reclamando que o Festival de Verão conseguiu arrecadar 12 milhões só em patrocinio, enquanto eles...
A questão que fica é saber até que ponto a venda de abadás (e camorotes) financia os blocos e a organização do evento.
Pra saber isso seria necessário um estudo mais apurado, talvez uma monografia... hehehhehe

Guillermo, a feira de abadás do aero é um dos melhores exemplos de concorrência perfeita que conheço, digo melhor pq ela é um conceito que não existe na prática, mais esta feira é uma boa aproximação.
Eu fui lá dois dias e comprei dois abadás, por 33 Reais cada dia. Não acho que 33 Reais seja uma barreira financeira razoável.
Os produtos são homogêneos sim, existem umas dezenas de abadás e camorotes, mas uma abadá do Cocobambu é igualzinho a outro, não importa quem esteja vendendo.

Smart, você está certíssimo, o problema que estas receitas só são computadas a posteriori.
No curtissimo prazo, a prefeitura teve prejuízo. No longo prazo talvez ela tenha feito um ótimo investimento.

Anônimo disse...

Pois é Feijão, foi justamente isso que eu quiz dizer: é precipitado dizer que são os abadás que financiam o carnaval de salvador. Cresce a cada ano o interesse dos patrocinadores pela divulgação de seus produtos na festa, e inclusive já existem artistas que tem de negar patrocínios por terem chegado no limite "visual" ou "comercial", digamos assim. Precisamos ver qual a parte de quem nesse "bolo gordo" aí.

Não sei se a questão das cordas deu origem ao debate ou é um corolário seu, mas a questão sobre a sua existência ou não no carnaval está começando. E com toda a força.
Já se torna mais visível hoje o fato de que o carnaval não é tão democrático quanto se pensa, tendo em vista o desconforto que os blocos tem causado ao folião "pipoca". Não há mais espaço na rua para que os associados brinquem dentro das cordas com folga enquanto a pipoca se espreme nas calçadas, e é isso que tem gerado propostas como o cancelamento das cordas ou a criação de um novo circuito.

Acredito que as cordas não deixarão de existir (pelo menos não tão cedo) devido a polêmica e o caráter insurgente do tema. Mas, se por um acaso assim ficasse decidido, restam-me poucas dúvidas quanto a normal continuidade de nosso baile anual.

Anônimo disse...

Pois é boxel, sem abrir as contas dos blocos a gente fica discutindo na base chutômetro, eu fico me perguntando quantos blocos sairiam se as cordas fossem proibidas? Outra coisa interessante seria a disputa pelo horario de saida dos blocos, pra eles aparecerem na Tvbahia e na Band-nacional.
Mas eu não percebi a pipoca apertada esse ano não, acho que esse negocio de fazerem outros circuitos fez efeito.
A foto ficou massa, tem 2 da galera no blog do cara.