quinta-feira, dezembro 21, 2006

Mestrado em Economia

Está na dúvida de onde fazer mestrado em economia?
Veja a nota com que a Capes avalia os cursos.

Nota 7
FGV/RJ

Nota 6
USP
UFMG
PUC/RIO

Nota 5
UFC
UFPE
UNICAMP
UNB
UFF
UFRGS
UFRJ

A UFBA teve nota 3.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Encontro da ANPEC

Alguns Bons Trabalhos no encontro da ANPEC

A CONTRIBUIÇÃO DO CRÉDITO BANCÁRIO E DO CAPITAL HUMANO NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS: UMA AVALIAÇÃO EM PAINÉIS DE DADOS DINÂMICOS

Darlan Christiano Kroth; Joilson Dias
O primeiro trabalho que assisti foi do Darlan da UEM-PR, vejam ele na foto, com o qual fiquei amigo e conversei bastante durante todo o encontro. Achei o trabalho muito interessante pois nele se busca explicar o crescimento das cidades brasileiras a partir de dois leques de variáveis; o crédito bancário e o capital humano. Na minha monografia pretendo testar a significância estatística das transferências voluntárias no índice de crescimento das cidades baianas e este artigo me deu uma boa noção de como fazer.

ANÁLISE TEÓRICA E EMPÍRICA DOS DETERMINANTES DE CORRUPÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL

Breno Emerenciano Albuquerque; Francisco S. Ramos
Esse trabalho do pessoal da UFPE gostei muito, pela forma como foi apresentado (é impressionante como muitos economistas não sabem mexer no Power Point, mas este sabia.) e principalmente, pela boa idéia de utilizar a base de dados da AGU que seleciona aleatoriamente as contas municipais e verifica com pente fino as irregularidades.

POBREZA MULTIDIMENSIONAL NO BRASIL

Mirela de Carvalho Pereira da Silva; Ricardo Paes de Barros
Neste trabalho o Ricardo Paes de Barros do IPEA questiona a metodologia utilizada por Amartya Sen, pois esta não pode ser utilizada para media o grau de pobreza de uma família e propõe outra metodologia


PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIAS DE RENDA NO BRASIL: IMPACTOS SOBRE A DESIGUALDADE

Fabio Veras Soares; Sergei Soares; Marcelo Medeiros; Rafael G. Osório
Este artigo do pessoal do IPEA foi apresentado com o enfoque não na pobreza mas na desigualdade, demonstrando como alguns programas de transferência de renda e políticas públicas modificam a desigualdade no Brasil, tendo como referência o índice de Gini. É interessante notar a alta focalização obtida pelo bolsa-familia e perceber que enquanto as aposentadorias até um salário mínimo tendem a reduzir a desigualdade às de mais de um S.M tendem a aumentar a desigualdade.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

O Crescimento das Capitais Brasileiras 99-04

O IBGE divulgou anteontem o PIB municipal para 2004, e ontem o Guilherme do Rabiscos Econômicos fez um excelente post mostrando como o modelo de crescimento neoclássico explica a diferença de crescimento estre as capitais brasileiras, sendo que as de maior renda cresceram menos e as de menor, cresceram mais.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Encontro da ANPEC/SBE

Foi um choque, eu sempre achei que o ambiente intelectual daqui da FCE-UFBA fosse diferente do resto do Brasil, mas o tamanho da diferença é incrível.

No primeiro dia do encontro, alguns colegas de faculdade estavam presentes, mas a partir do segundo dia eu não vi praticamente nenhum outro colega de graduação, apesar de no último dia eles reaparecerem pra ver a palestra (que não aconteceu) do Sergio Gabrielli.
O desaparecimento de meus coleguinhas, ao meu ver, se deve pela forma como os trabalhos são desenvolvidos e apresentado, 80% deles com a descrição de um modelo ou de hipóteses da literatura econômica, que é em seguida testado econometricamente. Compreender os modelos não foi nada fácil, pra mim e eu fiquei imaginando meus coleguinhas que acham que usar dados pra testar hipóteses uma bobagem...

Algumas mesas foram muito boas outras nem tanto, eu vou relatar aqui os melhores trabalhos que assisti da SBE, depois eu comento os da ANPEC;

Competence Effects for Choices involving Gains and Losses” Resende, José Guilherme de Lara (University of Chicago) e Wu, George (University of Chicago)
Trabalho apresentado pelo José Guilherme de Lara Resende, utilizando um experimento com seus alunos mostra como nosso comportamento muda na de escolher entre duas alternativas quando a se acertamos ganhamos dinheiro para se errarmos perdemos dinheiro.

"Make Trade not War?"
Philippe Martin (Université Paris-I Panthéon-Sorbonne)
O comércio reduz a probabilidade de guerras? Segundo Philippe, isso depende, pois é a dependência desse comércio que reduz a probabilidade de guerra. O comércio entre dois países reduz a probabilidade de guerra entre os dois, na medida emq eu o pais tem a perder com o fim desse comércio, portanto a ampliação dos parceiros comerciais e da menor dependência do comercio entre países vizinhos aumenta a probabilidade de guerras.

Electoral Campaign Financing: The Role of Public Contributions and Party Ideology” Portugal, Adriana Cuoco (UnB) e Bugarin, Maurício Soares (Ibmec São Paulo)
Qual o resultado de um financiamento público total das campanhas eleitorais no resultado das eleições no curto e longo prazo, e na ideologia dos partidos? Este trabalho foi muito interessante e ainda valeu por ver o Maurício Bugarin apresenta-lo e ter a oportunidade de conversar rapidamente com ele.

Aproveitei e consegui que meu pai me presenteasse com 4 livros, dois deles com a participação do pessoal do Gustibus e dois para o exame da Anpec.
- Gasto Público Eficiente
- Para Além da Política
- Macroeconomia: exercicios resolvidos da Anpec
- Matemática para economistas

Seguranças, Traficantes, ou Nenhum dos Dois...

Vejam esta notícia.

Equidade e Saúde Suplementar na Bahia - Brasil: uma análise a partir dos dados da PNAD 2003

Hoje, as 18h na FCE, Guillermo vai apresentar a sua monografia, que até onde eu sei está muito bem feita.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Clipping

- O Gustibus está de volta com seu Podcast

- o Selva Brasilis com vários posts legais, indicando inclusive o Centro Celso Furtado.

- O Imperialismo Econômico

- Novo Blog: O Indivíduo

- Novo Blog: Democrata Liberal

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Recesso

Em virtude do Encontro da Anpec e de uma viagem esse blog está e vai ficar meio desatualizado, segunda a tarde eu volto à ativa.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Esclarecendo um pouco da nebulosidade em torno das Agências Reguladoras e da questão do Petróleo.

"Porque não acabaram com o monopólio no texto constitucional, mas a Lei 9.478, criada no governo FHC, acaba com o monopólio. Ela é claramente inconstitucional, mas oito ministros do Supremo inexplicavelmente contrariaram a lógica. Porque você tem no país hoje, por exemplo, a Shell produzindo petróleo em Bijupirá-Salema e mandando toda a sua produção - 70 mil barris - para o exterior. Então tem que se trocar todos os livros de economia."


ENTREVISTA: PAULO METRI

O engenheiro Paulo Metri começou seus estudos sobre energia na Finep, a financiadora de estudos e projetos do governo, onde participou de um grupo de trabalho sobre fontes alternativas de energia, na época da primeira crise do petróleo (1973). Depois, trabalhou na área de planejamento da Nuclebrás, atual Indústrias Nucleares do Brasil, quando foi cedido ao Ministério de Minas e Energia para participar da elaboração do balanço energético brasileiro. Mas foi na Agência Nacional do Petróleo (ANP), onde ocupou o cargo de engenheiro da superintendência de exploração e produção, que ele pôde se aprofundar no estudo das questões relativas ao petróleo. Hoje, Metri trabalha na Comissão Nacional de Energia Nuclear, mas continua se dedicando ao setor petróleo informalmente. Tanto que está lançando, junto com o também engenheiro Sergio Xavier Ferolla, o livro "Nem todo o petróleo é nosso", prefaciado pelo economista Carlos Lessa. A obra explica de forma simples como o Brasil vem entregando ano após ano o petróleo do país às empresas multinacionais, via rodadas de licitação da ANP. Leitura indispensável às vésperas do oitavo leilão, marcado para os dias 28 e 29 desse mês.

Entrevista concedida a Bruno Zornitta e publicada no Surgente, jornal do Sindipetro-RJ.

O senhor está lançando o livro "Nem todo o petróleo é nosso", junto com o engenheiro Sergio Xavier Ferolla. Por que esse título?
Tivemos, na década de 50, o movimento "O petróleo é nosso". Nessa época, houve a aprovação e promulgação da Lei 2004, que criou o monopólio estatal, e logo depois a criação da Petrobrás, em 1953. A população entendeu que o setor de petróleo era estratégico, por lidar com uma fonte energética extremamente importante para o desenvolvimento. A sociedade compreendeu perfeitamente que, se permitíssemos a entrada de empresas estrangeiras no setor, estaríamos cometendo um grave erro, correríamos o risco de depois não termos petróleo para o nosso próprio desenvolvimento. As empresas estrangeiras, além de auferirem lucros extraordinários, passariam a privilegiar mercados externos. As petrolíferas estrangeiras só entram no país se tiverem garantia da exportação de seu petróleo.

Passamos a ter uma comunicação no país que deixa muito a desejar. Os EUA pregam a democracia, mas uma democracia que, assim que os países começam a fazer eleições, etc, eles fazem questão de ter controle. Muitas das corporações americanas, em conjunto com grupos nacionais desses diversos países, passam a ter controle sobre a mídia. Então é uma pseudodemocracia, uma democracia com debate limitado. E dentro dessa nova democracia que apareceu no mundo dizia-se que nós tínhamos que absorver o neoliberalismo. Eram aqueles preceitos ditados pelo Consenso de Washington, que temos que fazer abertura, privatizações, abertura essa que poderia significar a falência de várias empresas nacionais e o aumento dos desempregados no país. Caíram muitas, ou quase a totalidade, das barreiras alfandegárias, os programas de privatização foram imensos, criaram-se agências reguladoras, que têm a finalidade maior de tornar o setor atrativo ao capital estrangeiro, basicamente. Conseguiram fazer uma mudança na Constituição Federal, até hoje inexplicável. Porque não acabaram com o monopólio no texto constitucional, mas a Lei 9.478, criada no governo FHC, acaba com o monopólio. Ela é claramente inconstitucional, mas oito ministros do Supremo inexplicavelmente contrariaram a lógica. Porque você tem no país hoje, por exemplo, a Shell produzindo petróleo em Bijupirá-Salema e mandando toda a sua produção - 70 mil barris - para o exterior. Então tem que se trocar todos os livros de economia. Oito ministros do Supremo conseguiram criar um novo conceito de monopólio. É um monopólio flexibilizado. Aliás, a palavra flexibilizado foi lançada no governo FHC quando ele quis fazer a emenda constitucional que, a bem da verdade, não acabou com o monopólio, formalmente. A Lei 9.478, que acabava com o monopólio, já estava engatilhada. No fundo, aquela emenda é um eufemismo, acaba, mas não acaba. Houve a entrada das empresas estrangeiras no país. A mídia trabalhou muito bem a cabeça dos brasileiros não trazendo o tema à tona. A gente liga no Jornal Nacional e ouve falar de tudo, mas sobre as rodadas de licitação só aparece no dia uma notícia de 15 segundos, 30 segundos. Sempre falam da arrecadação de bônus, "não sei quantos milhões de dólares".

Como se isso fosse bom para a economia do país...
Vende-se o petróleo que foi encontrado no subsolo do país por milhões de dólares e, depois que for exportado, a empresa dona do petróleo vai auferir bilhões de dólares. Se for um campo como o Roncador, que tem dois bilhões de barris, faça o cálculo: a 50 dólares o barril, dá 100 bilhões de dólares. Quer dizer, arrecadam-se milhões de dólares, mas alienam-se reservas que são medidas em bilhões de dólares. É uma ordem de grandeza mil vezes maior. É isso que não se traz à discussão. Está se entregando riqueza. Uma elite, mancomunada com o capital internacional, entrega esse petróleo a preço de banana. Isso é uma riqueza que não pertence a essa oligarquia. Essa oligarquia precisa, inclusive, ser penalizada. Esse processo precisa ser revertido e os responsáveis identificados. Eles entregam a possibilidade de crescimento do país. Você exporta o petróleo em uma fase em que ele ainda está a preços menores e, em uma fase seguinte, quando o preço estiver maior, o Brasil - que não é nenhuma Arábia Saudita - provavelmente vai precisa importar. E aí vai importar a um preço bem maior, tendo seu desenvolvimento tolhido. É por isso que nem todo o petróleo é nosso.

Gostaria que o senhor contextualizasse o papel das agências reguladoras no neoliberalismo e nesse processo de entrega do petróleo.
As agências reguladoras são imposição do capitalismo internacional para que eles possam atuar com segurança dentro dos países varridos pela onda neoliberal. Imagine que elas venham e invistam aqui e não existam as agências, e sim órgãos controladores de cada um dos setores industriais, e que esses órgãos estejam dentro da administração direta do governo do país. Existiria, por exemplo, um departamento nacional de combustíveis. Aliás, já existiu, mas foi extinto para haver espaço para a Agência Nacional do Petróleo. Esse departamento poderia ditar normas do tipo: o petróleo, para ser exportado, precisa ter garantia, com um planejamento estratégico, que haverá reservas para o abastecimento do país nos próximos anos. Mas a agência é planejada para ser desvinculada do governo eleito - isso é maquiavélico, mas é real. Os mandatos são, em geral, de quatro anos. E os dirigentes das agências não podem ser demitidos, ao menos que sejam flagrados em roubo ou alguma coisa bastante comprovada. Mas o presidente da república não pode exonerá-los, como exonera o presidente de uma estatal, sem dar explicação. Eles só são nomeados - isso a sociedade brasileira não sabe - se forem indicados pelas empresas que atuam no setor. Não há indicação de diretor de nenhuma agência que não seja feita pelas empresas do setor. É a idéia da raposa tomando conta do galinheiro. Isso não é colocado no papel, obviamente. As agências são organismos que não são do governo brasileiro, elas não fazem parte do Brasil. São organismos do capital internacional instalados em diversos países do mundo.

E como é a questão de o país não ter controle sobre o petróleo e isso impactar no bolso do consumidor?
Esse raciocínio é um pouco difícil de desenvolver, mas temos que partir do seguinte: para qualquer sociedade, é melhor um monopólio estatal socialmente controlado do que um oligopólio privado, principalmente se for estrangeiro. Empresas estrangeiras não vêm para o país se sentirem que há controle demais sobre elas. Os cartéis são incontroláveis. Com o monopólio estatal, poderíamos criar um sistema em que a Petrobrás colocaria para o cidadão brasileiro gasolina GLP e todos os derivados a um preço menor que o do mercado internacional. O preço de custo do barril médio da Petrobrás está US$ 13, você ainda tem que botar imposto, o lucro para ela poder investir, etc., mas certamente ela poderia colocar os derivados com um preço para o petróleo entrando em suas refinarias na base de US$ 30 o barril, que é bem abaixo dos cinqüenta e tantos que está agora e bem abaixo dos 80 dólares em que já esteve. Ela pode oferecer por um preço abaixo do preço do mercado internacional. Usufrutos para a sociedade brasileira: o usufruto direto seria que o cidadão que tem carro poderia consumir uma gasolina mais barata. O cidadão que consome botijão de gás GLP teria o seu botijão mais barato. Depois teria a principal fonte energética de todo o setor industrial, que são os derivados de petróleo - o óleo combustível, o próprio GLP e em alguns lugares o óleo diesel - entrando nos diversos setores industriais mais baratos. O que significaria produtos finais mais baratos para o consumidor brasileiro também. E, se essas empresas exportassem, seriam produtos brasileiros mais baratos para competir no mercado internacional. Ou seja, o Brasil teria uma vantagem comparativa em relação a outros países do mundo. Engraçado é que a alegação para termos a Lei 9.478 era a de que precisávamos ter competição dentro do país. O que essa lei introduziu foi que o preço dos derivados dentro do país tinha que ser idêntico ao do mercado internacional. Com isso, perdemos a vantagem comparativa. Nós temos petróleo dentro do país que dá para nos abastecer durante, no mínimo, 17 anos.

Isso, sem exportar, não?
Sem exportar. Petróleo esse que é produzido a um preço bem abaixo do mercado internacional. Poderíamos alavancar o desenvolvimento nacional com esse petróleo. Mas não: introduziram aqui, através dessa lei, que o mercado interno tem que ter preços idênticos aos do mercado externo. E com isso acabou a competição. Não há competição que faça o mercado externo baixar. O mercado externo está numa sensação de que o petróleo vai acabar daqui a pouco, os preços só estão subindo com a expectativa de escassez. Então, a frase de que a Lei 9.478 estava sendo introduzida no país para termos mais competição e a sociedade usufruir dessa competição era uma grande mentira. Não houve competição. O que dita o preço aqui é o mercado externo.

E o monopólio socialmente controlado?
Existem organismos, entidades, sindicatos, associações de classe e outras entidades que podem ajudar nesse debate, ajudar na conscientização e ajudar o governo a ser socialmente controlado. Poderia haver, por exemplo, um conselho de administração da Petrobrás com membros do executivo e também membros da sociedade. Não como existe hoje, aquele Conselho Nacional de Política Energética, formado por 11 pessoas, sendo oito ministros e três da sociedade civil, mas esses três são nomeados pelo presidente da República e um vem das universidades. A participação social mesmo seria se as próprias entidades escolhessem um representante para fazer parte de um conselho de administração da Petrobrás. Já pensou os sindipetros do Brasil escolhendo um representante para fazer parte desse conselho? E outras entidades também da sociedade civil. Uma outra maneira de você ter controle social do Estado seria colocar os planos, programas, dessas entidades para serem julgados no Congresso. Por exemplo, as licitações não são aprovadas no Congresso. Poderia também se aprimorar o artigo 14 da Constituição, que prevê que a sociedade brasileira se manifeste diretamente, como aconteceu agora no referendo sobre a comercialização de armas. Só tivemos três consultas populares no país até hoje. Quando fossem alienar uma riqueza da nação, isso teria que ser necessariamente feito por meio de plebiscito. Porque a sociedade brasileira eventualmente não quer dar carta branca para que todo e qualquer assunto seja resolvido por congressistas, ou mesmo pelo presidente da República. A alienação de empresas estatais estratégicas, por exemplo, poderia ser considerado um assunto para ser resolvido por meio de plebiscito, assim como a alienação de patrimônio da União, tipo as jazidas de petróleo, ou o arrendamento de terras da Amazônia.

Sobre o mesmo assunto:
Entrevista com Fernando Siqueira, diretor de comunicação da Associação dos Engenheiros da Petrobrás. Siqueira fala também da atuação dos Assassinos Econômicos sobre políticos brasileiros, como descrito no livro de John Perkins Confissões de um assassino econômico (Editora Cultrix). Esta entrevista foi publicada em nosso jornal impresso deste mês, que pode se adquirido aqui.

FONTE:http://www.fazendomedia.com/novas/entrevista271106.htm

A babel é aqui

Texto muito bom. Quando leio algumas frases de várias pessoas que não sabem mais usar verbos, usam no infinitivo (ex: quando eu estar feliz, como vc estar? etc..) e demais aberrações estilo "miguxo", "meo amigo" e mais além, desentendimentos entre conceitos muito claros que, ao longo da discussão se percebe que cada um conceitua de forma peculiar e individual, tudo isso ficou mais claro, a face trágica dessa situação está bem descrito no texto abaixo.



O que seria do homem sem a língua, já que este deixou de ser macaco não quando inventou o instrumento físico, mas a palavra !!??



"Não há mais diálogo. Cada um de nós é hoje o enunciador de um monólogo. Rompeu-se o pacto dos brasileiros em torno de sua língua-mãe."




A babel é aqui

Um jornalista da Folha me ligou pedindo entrevista. Recusei instintivamente. Depois foi um do Estadão. Desta vez hesitei, pedi que me telefonasse depois. Não era legal me recusar a falar e depois cobrar que não fui ouvido. Mas eu precisava descobrir as raízes do meu instinto de recusa. Este texto é uma tentativa nessa direção.

Duas vezes, este mês, recusei pedidos de entrevista de um jornalista da Folha, ex-aluno meu. Recusei instintivamente, sem pensar. Não gosto do jeito que ele escreve. Logo depois, no final da semana, telefonou-me um jornalista do Estadão, também pedindo entrevista, para uma reportagem sobre os planos do governo na área da comunicação. Respondi, meio brincando e meio a sério, que só dava entrevistas para estudantes de jornalismo porque os profissionais tinham se tornado maliciosos demais para o meu gosto; deixaram de ser confiáveis. Mas hesitei. Pedi que me telefonasse na segunda, que eu ia pensar. Ele não telefonou, mas nesse ínterim, eu pensei. Pensei, principalmente, que não era legal eu me recusar a falar e depois cobrar dos jornalistas profissionais o fato de não nos ouvirem. Eu precisava descobrir as raízes do meu instinto de recusa e saber formular essas causas no plano da razão. Este texto é uma tentativa nessa direção.

Penso que o principal motivo é o reconhecimento de que não existe mais uma língua comum entre nós – digamos de modo simplificado, entre esquerda e direita. Não se trata apenas do fato de que os jornalistas profissionais não procuram saber o que a gente pensa, e querem apenas pinçar frases que legitimem o seu discurso ou dêem pretexto para nos desancar. Fomos além disso. Trata-se da perda da capacidade de se comunicar. È como se vivêssemos numa babel. Quando nós dizemos que queremos democratizar a comunicação no Brasil, eles entendem que queremos controlar a comunicação no Brasil; quando dizemos que os jornalistas nos devem uma auto-reflexão sobre o comportamento da imprensa, eles entendem que estamos pedindo que parem de criticar o governo. Quando dizemos que a imprensa está distorcendo determinada história, eles distorcem o que nós dissemos. E assim vai. Tudo o que a esquerda e, em especial, os petistas dizem, é entendido como o seu contrário.

Vivemos, portanto, um processo de desordem lingüística que está impedindo as pessoas até mesmo de se entenderem sobre quais são suas divergências. E a dissonância não se dá apenas entre esquerda e direita. Parece atravessar todo o universo da argumentação pública. Principalmente na internet, que estimula a intervenção espontânea. Este último artigo que eu escrevi sobre a Radiobrás, por exemplo, suscitou uma intervenção que me apóia por razões que eu não defendo no artigo, ao contrário, combato. E as intervenções, contra ou a favor, não se detém nos pontos que eu pensei que havia ressaltado no artigo: o fato de a Radiobrás não ter conseguido contrapor à narrativa de má qualidade da grande imprensa uma narrativa própria, calcada em investigação independente e de qualidade dos fatos da crise. Um dos leitores diz que eu quero recriar a DIP. Vejam só. É como se estivesse falando grego. A DIP era um instrumento de controle da imprensa, de um regime ditatorial, e seu principal instrumento era a censura.

Nada no meu texto, na minha história de vida e na natureza do regime político brasileiro permite essa interpretação. Mas o leitor acredita sinceramente que eu proponho a recriação do DIP. Como eu considero que um dos atributos do meu texto é a clareza, devo pensar que o problema não está no texto, está na sua decodificação. Não mais compartilhamos a mesma matriz lingüística: cada um codifica e decodifica a seu modo. O mesmo signo tem significados diferentes. Já não temos uma língua.Temos falas. Podem ser até falas escritas, mas operam como falas individuais e não uma língua, na qual os significados são compartilhados. Acontece que nem os fatos mais elementares falam por si mesmos; precisam ser narrados, interpretados, explicados e discutidos. E as idéias, então? As idéias são nebulosas se não são enunciadas através de uma língua, dizia o fundador da ciência da linguagem, Ferdinand Saussure. É o que parece estar acontecendo conosco. As palavras já não demarcam de modo unívoco, porque para uns significam uma coisa e para outros o seu contrário.

Não há mais diálogo. Cada um de nós é hoje o enunciador de um monólogo. Rompeu-se o pacto dos brasileiros em torno de sua língua-mãe. Ou, o que pode ser ainda pior: a língua está sendo usada para excluir, para separar, mesmo porque língua é uma prática social dinâmica e não um sistema estático de signos que expressam significados imutáveis. Por exemplo, no debate econômico pela mídia, se você não adere ao discurso do mercado, você está falando sozinho.

Pode ser que isso tudo faça parte de um processo mais geral de separação, de fragmentação, de individualização dos interesses, ao invés de sua socialização ou pactuação. É a mesma fragmentação que caracteriza a atuação das ONGs, cada qual defendendo a preservação do seu pedaço de mata atlântica. Uma espécie de autismo, que ignora o interesse público mais geral.

Será que isso tem a ver com o esvaziamento ideológico típico da pós-modernidade, na qual já não há significados dominantes? Tem a ver, por exemplo, com a queda do muro de Berlim? Ou tem mais a ver com fatores contingentes, como a vitória de Lula, não uma, mas duas vezes? Na segunda vez, a quase totalidade dos colunistas brasileiros descolou-se dos ideais do povo e passou a falar para si mesmos, manejando a língua não para se comunicar, e sim para se afastar dos seus leitores. Isso os levou à crise. E não venham me dizer que eu estou querendo controlar a mídia.



Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é editor-associado da Carta Maior. É autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

Cesar Maia

O prefeito do Rio, Cesar Maia, está de volta com seu ex-blog. Ele pretende lançar em fevereiro de 2007 um shadow cabinet com os "anti-ministros" de cada pasta. Ele também relata alguns trecho de um artigo que ele leu mês passado;

1. Do professor Ulrich Beck da Universidade de Munich. Um lúcido -e raro- pensador de esquerda no mundo de hoje. Diz ele:

a) Quanto mais as relações de trabalho sejam desregularizadas e flexibilizadas, mais rapidamente a sociedade será transformada de uma sociedade do trabalho em uma sociedade do risco, na qual nem o modo de vida para as pessoas, nem as medidas para o Estado e a política, serão previsíveis.

b) A margem de manobra do Estado é reduzida ao dilema entre financiar um menor nível de pobreza, em troca de um alto nível de desemprego, (como ocorre na maioria dos paises europeus), ou então, aceitar a pobreza evidente com um nível de desemprego menor, como nos EUA.

c) A renúncia a utopia significa a renúncia ao poder. A renúncia aberta à utopia é um cheque em branco ao abandono da política por parte da própria política. Só quem é capaz de entusiasmar-se, ganha apoios e conquista o poder. Quanto mais imaginativa a política, mas crível e grande em seu entusiasmo se converte a pretensão de fazer política, tanto mais forte será, porque reativará sua própria lógica interna.

sábado, dezembro 02, 2006

E Eu Acho Econometria Complicado...

Update: "Há que se superar o paradigma, teoricamente já superado, que separava e atomizada as várias instâncias. Porque são inter-retro-conectadas, as soluções devem ser includentes. A transversalidade, tese da Ministra Marina da Silva, deve conferir a tônica na implementação dos três eixos do governo"

Quem falou foi Leonardo Boff, em um texto com título: "Ecologizar a política e a economia".
Via Selva Brasilis

Artigos Interessantes


Quem ainda não se inscreveu, pode se inscrever no dia e local do encontro. Para estudantes a inscrição custa 30 ou 70 Reais dependendo da opção.

Alguns Artigos do Encontro da ANPEC:

A ECONOMIA POLÍTICA DO COGNITIVO

Bouzid Izerrougene (o único representante da UFBA apresentando trabalho)

O VALOR-TRABALHO COMO FUNDAMENTO DOS PREÇOS Cláudio Gontijo

ANÁLISE TEÓRICA E EMPÍRICA DOS DETERMINANTES DE CORRUPÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
Breno Emerenciano Albuquerque; Francisco S. Ramos; Cláudio Gontijo

VERTICAL TRANSFERS AND THE APPROPRIATION OF RESOURCES BY THE BUREAUCRACY: THE CASE OF BRAZILIAN STATE GOVERNMENTS

João Silva Moura Neto; Nelson Marconi; Paulo Eduardo Moledo Palombo; Paulo Roberto Arvate

A CONTRIBUIÇÃO DO CRÉDITO BANCÁRIO E DO CAPITAL HUMANO NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS: UMA AVALIAÇÃO EM PAINÉIS DE DADOS DINÂMICOS

Darlan Christiano Kroth; Joilson Dias

AS KIBS E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DAS FIRMAS DE SERVIÇOS
Luis Claudio Kubota

O PAPEL DA POLÍTICA FISCAL LOCAL NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DE CIDADES – UMA EVIDÊNCIA EMPÍRICA PARA O BRASIL
Liderau dos Santos Marques Junior; Cristiano Aguiar de Oliveira; Paulo de Andrade Jacinto


E Alguns Artigos do Encontro de Econometria:

Ferraz, Claudio (University of California e IPEA) e Finan, Frederico (University of California) “Exposing Corrupt Politicians: The Effect of Brazil's Publicly Released Audits on Electoral Outcomes”

Binelli, Chiara (UCL and IFS); Meghir, Costas (UCL and IFS) e Menezes-Filho, Naercio (Ibmec São Paulo e FEA-USP) “Education and Wages in Brazil”

Portugal, Adriana Cuoco (UnB) e Bugarin, Maurício Soares (Ibmec São Paulo) “Electoral Campaign Financing: The Role of Public Contributions and Party Ideology”

Gomes, Renato (Northwestern University) e Novaes, Walter (PUC-Rio) “Covert Contributions in Campaign Financing