quarta-feira, agosto 31, 2005

Vamos caracterizar as religiões

Segue copia desta discussão, na lista de emails.

Daniel,

Seja bem vindo ao grupo, reintero o convite, que boxel já deve ter feito, pra voce participar também das reuniões presenciais, elas tem sido bastante animadas.

Pois bem, essa minha ideia de caracterizar a religião parte da ideia de que outros fatores, que não religiões tradicionais, tem todas as suas caracteristicas. A partir dai poderiamos classifica-las de religões laicas, ou modernas, etc...
O exemplo base, para comparação foi a minha (e talvez de boxel tb) crença no petismo/lulismo (como religião mesmo) durante o ano de 2002.

De fato, a segunda causa que enumerei não é valida.
Tinha pensado não em contribuição financeira, mas na pessoa divulgar a causa, contudo existem exemplos de crentes (como os judeus, os primeiros cristãos, a inquisição) que eram obrigado a negar suas crenças em público. Também tem aquela historia (original de Kant e usada por Sartre) de que o homem ao se escolher, escolhe o mundo todo a sua semelhança.

Concordo com o primeiro ponto que daniel levantou, o fato de toda religão tem se não um mestre, vários mestres, ou pessoas que personifiquem a religião.
O segundo ponto, ao meu ver, já esta incluso no primeiro principio enumerado: "Ter dogmas não comprovados cientificamente"

Então é isso.
Te mais pra vcs, seja bem vindo daniel, e só
andre


Andre,
Meu nome é Daniel, sou amigo de Rodrigo. Ele que me chamou pra participar do grupo. Minha primeira mensagem é essa!
Respondendo ao assunto levantado, tenho que descordar um pouco desse seu segundo ítem, pois acho que existem religiões que não cobram nada dos seus integrantes. E sugeriria uma outra coisa: Seria bom se levassemos em consideração a origem do nome religião e o que ele representa(Religião vem de Religare = religação, o que dá a idéia de se ligar de novo a algo ao qual já se foi ligado em algum momento, portanto, religação do homem a sua origem causal) pelo menos é assim q interpreto tal palavra e a finalidade de tal instituição.
Acrescentaria também alguns novos ítens aos que vc já iniciou, tais como:
* acho que todas ou praticamente todas as religiões têm um certo guia ou mestre.
* todas têm seus dogmas e crenças baseados em algo sobrenatural ao qual a maioria chama de Deus.
Além disso, sugeriria algumas das maiores, mais difundidas e mais importantes religiões do mundo tais como Hare Krishna, Budismo, Jainismo, Zoroastrismo, Islamismo, Brahmanismo(não é a religião da cerveja!uahhuahua!!), Cristianismo(é lógico) e Judaismo para serem estudadas.

segunda-feira, agosto 29, 2005

As caracteristicas da religião

Acho que pra proxima reunião devemos primeiro enumerar quais sãos as principais caracteristicas praticas da religiãos no comportamento das pessoas, para a partir dessas caracteristicas podermos comparar com o o efeito dos vários "ismos" (nacionalismo, comunismo, etc..) no comportamento e verificar o papel deles como religiões laicas.

Como lista das caracteristicas das religiões começo a lista:
1- Ter dogmas não comprovados cientificamente
2- O crente deve contribuir regularmente a causa
3- A religião deve ter influencia nas atitudes cotidianas do crente; podendo, em casos extremos, fundar a conciência da pessoa, definir o que é bom e mau, correto e equivocado.

quinta-feira, agosto 25, 2005

"O Existencialismo Socialista"

Se você conversar um pouco com um socialista e disser a ele que o socialismo não é a melhor opção de regime político-econômico, porque não deu certo nas experiências anteriores, ele provavelmente vai te dizer: "mas a experiência socialista nunca existiu!"
E até certo ponto, ele está certo. A noção de socialismo carrega um nível de utopia intrínseco à sua definição: é um regime que dá certo. Se não dá certo, não é socialismo.

Porém, o liberalismo também nasceu num claro tom de certeza de seu sucesso, embora no sentido que o livre mercado solucionaria todos os problemas sociais e econômicos com base na sua reorganização natural.
Ora, se o que os liberalistas projetaram em termos de regime político não se concretizou, o liberalismo, tal como o neoliberalismo, nunca existiram também.

O que é que nós estamos criticando então?

Do lado de cá, eu prefiro mesmo é criticar os dois. Os dois existiram, foram um fracasso em comparação com o que sua bases teóricas postularam e ponto. Resta saber se estamos dispostos a reconhecer o que há de melhor em cada um. Mas do jeito que as coisas andam...não andam.

Rodrigo Lessa

Uma campanha do PT e do povo brasileiro

Amiguinhos, eu vi da janela de la da faculdade a passeata da CUT e da UNE (leia PT e PCdoB) que tinha o famoso slogan: contra a corrupção e a favor do governo lula

Eu acredito que não existe politica entre santos, que a manipulação é intriseca a ela, o que leva a algum grau de corrupção inerente a todos os governos.
O PT ao se apresentar como partido da etica, criticava esta corrupção intriseca ao sistema politico e se apresentava como diferente, como partido dos trabalhadores e da etica.
Hoje se descobriu (para surpresa de muitos) que existe corrupção no governo do PT, como reação os petistas acusam um golpe; como eles são o partido da ética, uma acusação de corrupção contra eles só pode ser um ataque exclusivamente politico e reafirmam o discursos da politica dos santos; que eles são contra corrupção, blá, blá, blá.

Mas percebam que esse discurso se contradiz quando eles copntra toda e qualquer corupção na politica e apoiam um governo que tem no minimo um grau razoavel de corrupção.

Isso tem nome, segundo Orwell, isso se chama duplipensar. Isto é guarda na conciencia duas teses contraditórias como verdadeiras.

Só lembrando, espero vcs no domingo no final da tarde, lá em casa.
andre

quarta-feira, agosto 24, 2005

1984


Pra mim esse povo do PCdoB (UNE) só me lembra o livro de George Orwell “1984” no qual o patido contralava a vida de todos os cidadãos (“big brother is wachting you”) e seu lemas eram:

Guerra é paz

Liberdade é escravidão

Compare com o da UNE:

Contra a corrupção e a favor do governo Lula.

Vejamos

Tavez eu tenha me empolgado um pouco no texto anterior mas o que eu queria discutir na próxima reunião é de que forma as características clássicas das religiõtradicionais, podem ser aplicadas as religiões laicas e o papel da religião como unificador de toda a sociedade se aplica as tribos urbanas de hoje?

andre

O Pos-modernismo: O fim das grandes narrativas.

Adianto aqui minha opiniões a partir da leitura dos resumos elaborados por boxel.

Pra mim todas as analises dos autores estão corretas contudo elas não mais se aplicam aos dias de hoje. Hoje a religião não tem mais a responsabilidade de manter a coesão social que tinha nas sociedades pré-capitalistas.

No capitalismo vimos o crescimento das religiões laicas modernas; o marxismo e suas variantes, a psicologia, os fascismo, a crença na ciência, o nacionalismo, o hedonismo, e (a grande vitoriosa até o momento) democracia liberal.

Contudo a democracia liberal hoje implantada em quase todo o mundo ocidental, seria uma religião as avessa, pois não tem praticamente nenhuma verdade absoluta, mas parte do pressuposto que diversas teses podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.

Conseqüentemente se cria um ambiente em que as diferentes crenças religiosas se multiplicam (são 4 mil novas todo ano), um ambiente no qual cada vez mais as pessoas se identificam em tribos (os clãs modernos, no qual dentro deles si, podemos ter verdades absolutas)

Neste capitalismo informacional todas as crenças estão disponíveis para sua escolha e não é necessário escolher só uma, pode escolher várias. A miscigenação religiosa antes exclusividade Bahia hoje corre o mundo.

Pois é amiguinho, escolha sua tribo.

“Marx morreu, Freud também e eu não estou me sentindo bem” slogan pós-moderno

Reunião Domingo

Lá em casa, no final da tarde pra discutirmos deus, as religiões e outras bobagens

Estão todos convidados

Qualquer coisa me manda um email: andregreve@yahoo.com.br é mais fácil me achar por email que pelo telefone

terça-feira, agosto 23, 2005

Agora, Deus (II).



Sobre “O Escriba – Gênese do Político”, de
Regis Debray


“Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”.
(Voltaire)

“A lógica de Deus”, o primeiro tópico do segundo capítulo deste livro¹ traz uma fundamentação de caráter lógico que procura elucidar onde se situa o papel do clérigo na formação de uma sociedade. Tal como em Durkheim, aqui pode se encontrar a religião como um fator primordial à organização de um grupo social. Tal como lá, não há aqui também sociedade sem religião.
A idéia parte de um pressuposto básico: “as relações entre os homens tem sempre coisas por objeto: as relações dos homens com as coisas passam sempre pelos homens”. Daí, qualquer relação entre os homens é dotada, primeiro, de um elemento material ou físico e outro lógico ou moral. Este preceito adquire uma significação central quando se trata de “poder político” (relação social característica) pois a partir de então este só se realizará quando forem atendidos os seus dois requisitos - material e lógico. “A própria prisão por dívida se dá pela sanção de um direito, e o direito do mais forte, como Rosseau demonstrou definitivamente na abertura de seu ‘Contrato Social’, é uma contradição dos termos, que se auto-invalida gradativamente”.

Assim,

“Nenhuma subordinação real é possível entre pessoas sem a intervenção de um elemento simbólico, identidade lógica ou valor moral. O interesse de todo poder político consiste então em se expor como sujeito metafísico, suporte de valores universais, a fim de ocultar a física dos riscos”.

A figura do clérigo, como o leitor já deve ter imaginado, surge para compor a vertente lógica ou moral do poder político, de modo que estamos falando do poder político que se apresenta como aglutinador de uma sociedade; aquele que permite a coesão social e que dá origem à unidade ou auto-reconhecimento de um grupo. A necessidade deste auto-reconhecimento surge do caráter absoluto que a própria coesão social impõe para que dê conta da mencionada “física dos riscos”. O valor ou lógica moral que fundam o elemento abstrato não deve ser palpável ou facilmente questionável; relativo: se assim fosse a comunidade estaria sempre ideologicamente ameaçada. E deu pra perceber que este fenômeno indica a busca incansável de um universo simbólico que garanta o máximo de segurança possível, pois o poder político que funda a sociedade precisa ser intenso, cumprir com máxima perfeição a sua dualidade fundamental. “Donde a ambigüidade tradicional do poder político, mistura indissolúvel de um elemento ‘temporal’ com um elemento espiritual”.

“Ora, Deus não é um fenômeno de crença, mas um fenômeno de lógica. Não é um fantasma, mas uma operação (...). Não há uma sociedade de não construa um sistema – entendamos por sistema um conjunto de relações externas cuja própria coerência supõe o fechamento”.

Fica fácil agora entender o fenômeno “Deus”: o valor que dá o fechamento horizontal (coesão social) precisa ser vertical, “vir de cima”. O caráter absoluto é elementar à disposição lógica, e ele, portanto não pode “vir de baixo”, pois se teria aí uma incoerência lógica intolerável à sensação de segurança coletiva, além de uma impossibilidade aritmética. Uma totalidade, para ser totalidade, precisa de limites que definam o seu alcance. Os limites são fornecidos por este fator vertical.


“O fechamento Horizontal tem por condição uma abertura na vertical: nenhum grupo humano pode se constituir sobre a base de uma simples relação em si”.

“Uma nação totalmente nova não se mantem em pé, nem se supera, pela livre associação de concidadãos de igual estatura. Há necessidade de altares ao pé dos quais é preciso reunir-se. Senão há dispersão”.

“O gesto fundamental da circunscrição territorial instaura simultaneamente o vazio e o cheio, e o sagrado é mesmo esse fechamento, sua crueldade paradoxal”.

“O primeiro gesto político é religioso, o primeiro gesto religioso é político”.

Wittgenstein, citado por Debray:

“Se existe um valor que tenha valor, é preciso que esteja fora de todo fato e de todo ser tal (so sein). Porque todo fato e ser tal são apenas acidentais. O que nos torna não-acidentais não pode se encontrar no mundo, pois de outra forma essas coisa também seria acidental. É preciso que essa coisa resida fora do mundo”.

O clérigo cumpre, portanto o papel de lembrar aos homens deste valor transcendente que os põe em comunhão, se incumbe da difícil tarefa de comunicar ao indivíduo sobre a sua subserviência frente a um “algo” superior que define a sua condição. Este é algo é, tanto aqui como em Durkheim, um poder político que deriva da própria sociedade.

“O clérigo é ao mesmo tempo tapa-buraco e sinal do ‘buraco’. Ele lembra aos homens que no meio deles há o ‘menos’, e que sua associação é o produto de uma falha ou subproduto de uma abstração”.


Notas.

1.“O Homem de Deus ou da política como função clerical”.


Rodrigo Lessa

segunda-feira, agosto 22, 2005

Agora, Deus.

Sobre “As formas Elementares da Vida Religiosa”

Os dois capítulos do livro “As formas Elementares da Vida Religiosa” abertos para o próximo encontro do asquintas, traçam uma perspectiva bem interessante sobre o fenômeno social correspondente à pré-fundação da noção de deus na sociedade. Na verdade, trabalharemos com um momento social bastante anterior, mesmo porque o assunto diz respeito ao exame do contexto que envolve o nascimento das religiões nos grupos sociais.
Para exemplificar e dar o toque empírico à explicação, Emile Durkheim trabalha evidências encontradas em tribos australianas. O fenômeno a ser identificado nestas tribos corresponde ao que ele denominou de totemismo de clã, pois se propõe a identificar o quadro social em que o clã cria um universo simbólico com fins de materializar uma espécie de vocação ou potência moral para a constituição de uma pequena sociedade. Esta potência moral se afigura pelos padrões sociais a serem institucionalizados naquele grupo, com fins de manter um mínimo de possibilidade de convivência entre seus membros.
Em suma, existe um conjunto de normas morais que precisam ser seguidas caso qualquer grupo disperso pretenda se unir formando uma unidade social. Como é praticamente impossível convencer estes indivíduos da necessidade de seguir estas normas morais por meios, digamos, verdadeiramente didáticos – “caro conterrâneo, se não seguirmos os padrões coletivos, a sociedade não se forma...” -, o clã fornece indivíduos que criam uma mistificação sobre um símbolo material santificado e passam a afirmar as normas de conduta da sociedade em nome deste símbolo. É como se a igreja católica pretendesse pregar os dez mandamentos, e, sentindo que não convencerá ninguém pelo caminho da necessidade de uma unidade social ou pela altivez das normas que defende, cria a idéia de um ser divino que trouxe os dez mandamentos e disse à Igreja que é ela a responsável pela pregação da verdade. (Peço que não considerem a experiência do cristianismo primitivo ao pé da letra).
Na verdade, o totemismo faz referência a uma atribuição simbólica mais primitiva, ou mesmo inicial, pois corresponde ao exato momento em que um pequeno grupo dá o ponta pé inicial para se unificar. Existe uma tendência nas tribos citadas no texto em tomar a figura de animais como símbolo totêmico. Desse modo, passa a existir o “clã do corvo”, o “clã do urso”, e assim por diante. Estes animais corporificam um significado que no fim das contas serve para obrigar os indivíduos a interiorizarem a moral coletiva, o conteúdo normativo da sociedade.
Pois bem: é assim a sociedade se forma. Um símbolo divino personifica esta potência moral que os indivíduos tem e passa a contribuir para um mínimo de uniformidade ou homogeneidade nas relações entre os indivíduos.
O papel crucial da religião.
É interessante perceber com esta análise que, de um certo modo, a religião é essencial na constituição de uma sociedade. Sem ela não existiriam países, Estados, nações ou povos sem território (o fenômeno judeu). Ela mantém a possibilidade desta unidade de padrões sociais, que são insubstituíveis à unificação de um grupo. Tomemos o exemplo de uma língua, ou padrão de linguagem: a noção de falar o idioma “X” é um padrão social. Se não houvesse, talvez, um elemento que garantisse a utilização de apenas um idioma, um mínimo de convivência seria impossível. A sociedade não se formaria sem concidadãos que se comunicassem. Caso uma coerção moral para manter a unidade do idioma fosse necessária num determinado contexto de formação primitiva, por exemplo, provavelmente um dos clérigos envolvidos na revelação da verdade diria que o seu deus o iluminou com a proibição da utilização de qualquer outro idioma que não o escolhido por ele no momento da revelação.
A ciência é (ou foi) foi religiosa.
Outro ponto importante encontrado no texto é o fato de o próprio exame científico de noções básicas do mundo físico se encontrar diretamente derivado da perspectiva religiosa encontrada em seu contexto sociológico. Um exemplo claro disso é o que aconteceu com a diferenciação da raça humana quanto a outros espécimes animais. De início algumas religiões atribuíram uma diferenciação indubitável quanto à distinção do homem frente aos outros animais, derivando ele de uma construção apartada e especial do criador, coisa empiricamente refutada ao longo da história. O próprio cristianismo se encarregou de elaborar esta diferenciação com o mito de “Adão e Eva”, embora o primeiro filósofo pré-socrático – e, portanto da história da filosofia –, Tales de Mileto, já tivesse concluído através de achados arqueológicos que o homem teria derivado de outros animais através de um tipo de mutação. O detalhe é que Tales de Mileto viveu no séc. VI a.c. e a principal fundamentação teológica que legitimou o cristianismo primitivo tenha surgido no séc. III, nove séculos depois, com Santo Agostinho e a sua obra “Cidade de Deus”.
Conclusão.
Assim, de forma objetiva, será importante examinar com este tema o fato de que a religião é uma produção social, tal como os mitos, crenças e os conhecimentos acerca de sua verdade revelada se traduzem em criações da mente humana para legitimar a transmissão dos ditos padrões sociais. A ciência ainda não define com clareza quais das inúmeras experiências supostamente transcendentais da vida humana são pura imaginação e quais demonstram algum tipo de fato extraordinário. Porém, seria interessante nos manter atentos a como este tipo de fenômeno se encaixa perfeitamente em algum tipo de contexto cultural e simbólico. Como cada movimento com este cunho místico se integra a uma normativa moral que, na imensa maioria das vezes, se pretende uniformizadora de relações sociais.



Alguns trechos elucidativos do texto.

“A força religiosa não é senão um sentimento que a coletividade inspira em seus membros, mas projetado pra fora das consciências que o experimentam e objetivado. Para se objetivar, ele se fixa num objeto que, assim, se torna sagrado; mas qualquer objeto pode desempenhar esse papel”.

“Tal é a matéria prima com que foram construídos os seres diversos que as religiões de todos os tempos consagraram e adoraram. Os espíritos, os demônios, os gênios e os deuses de todo porte não são senão formas concretas desta energia, que essa ‘potencialidade’, como diz Howitt, assumiu ao individualizar-se, ao fixar-se num objeto determinado ou em certo ponto do espaço, ao concentrar-se em torno de um ser ideal e legendário, mas concebido como real pela imaginação popular”.

“Com efeito, um deus é antes de tudo um ser que o homem concebe, sob certos aspectos, como superior a sim mesmo e do qual acredita depender. Quer se trate de uma personalidade consciente, como Zeus ou Jeová, quer e forças abstratas, como aquelas postas em ação no totemismo, o fiel, em ambos os casos, se crê obrigado a certas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado com o qual se sente em contato. Ora, também a sociedade provoca em nós a sensação de uma perpétua dependência”.

“Podemos dizer, com efeito, que o fiel não se engana quando crê na existência de uma força moral da qual depende e da qual extrai o melhor de si: essa força existe, é a sociedade”.

“Por isso, podemos estar certos de antemão que as práticas do culto, sejam elas quais forem, são algo mais do que movimentos sem alcance e gestos sem eficácia. Pelo simples fato de terem por função aparente estreitar os vínculos que unem o fiel ao seu deus, elas ao mesmo tempo estreitam realmente os vínculos que unem o indivíduo à sociedade da qual é membro, já que o deus não é senão a expressão figurada da sociedade”.

“Agora nos explicamos de onde vem a ambigüidade que as forças religiosas apresentam quando aparecem na história, de que maneira elas são físicas e humanas, morais e materiais ao mesmo tempo. Elas são forças morais por serem construídas inteiramente com as impressões que esse ser moral que é a coletividade desperta nesses outros seres morais que são os indivíduos; elas traduzem, não a maneira pela qual as coisas físicas afetam nossos sentidos, mas o modo como a consciência coletiva age sobre as consciências individuais. Sua autoridade não é senão uma forma da influência moral que a sociedade exerce sobre seus membros. Mas, por outro lado, elas não podem deixar de ser vistas como mito próximas das coisas materiais. Elas dominam, portanto, os dois mundos. Residem nos homens, mas, ao mesmo tempo, são os princípios vitais das coisas. Vivificam consciências e as disciplinam; mas são elas também que fazem que as plantas cresçam e os animais se reproduzam. É graças a essa dupla natureza que a religião pôde ser como a matriz em que se elaboram os principais germes da civilização humana. Posto que ela abarcava a realidade inteira, tanto o universo físico como o universo moral, as forças que movem o corpo e as que conduzem os espíritos foram concebidas sob forma religiosa. Eis aí como técnicas e práticas das mais diversas, tanto as que asseguram o funcionamento da vida moral (direito, moral, belas-artes) quanto as que servem à vida material (ciências da natureza, técnicas industriais), são, direta ou indiretamente, derivadas da religião”.

Rodrigo Lessa

Jogada de Mestre...

Enquanto o país relembra atento o movimento "Caras Pintadas", que depôs o presidente Fernado Collor, na iminência de rever seus pequenos rebeldes entrarem novamente em cena para decidir a vida do encurralado Luiz Inácio, o PCdoB dá um golpe de mestre. Antes que alguém incitasse aquela juventude pouco crítica do "Fora Collor" contra o governo, eles anunciam que os caras pintadas já estão nas ruas(!): mas, a favor do governo.
Os cartazes que estão nos ambientes acadêmicos já defendem uma série de pontos pouco específicos e nada claros, como "averiguação das denúncias até o fim", e declaram que o movimento tem crescido a cada dia. É evidente que eles não pretendem que passe destes pontos inócuos: apoiados ou mesmo despersonalizados pela articulação do governo Lula, além de literalemnte financiados - o governo tem pago os custos destas manifestações lideradas pela UNE - estão mesmo é se apropriando de um símbolo de caráter público que poderia ser útil a movimentos que desejassem depor o presidente. Coisa muito prouco provável, tendo em vista que o contingente envolvido na faixa etária que moveu o antigo movimento ainda não sabe o que foi que aconteceu com o governo do PT. E se sabem, continuam defendendo a idéia que isso é na verdade um golpe da direita.
Agora vai a pergunta: esse movimento de "Caras Pintadas" é de uma juventude que apoia o governo, ou é do próprio governo? Porque, indicativos para esta segunda hipótese não nos faltam. Primeiro, a UNE é dirigida pela plataforma jovem do PCdoB, partido este que apoia o governo. Segundo, os movimentos estão sendo deliberadamente pagos pelo governo, que todos sabem não anda bem das pernas. Terceiro, as diretrizes da manifestação não defendem nada que o próprio Lula, em suas aparições e discursos vazios na televisão.
Um tópico de um texto do site (www.une.org.br):
"Reivindicações, proposta de reforma política e apoio ao Presidente Lula"
E esta chamada:
"Por que a UNE está sendo atacada? As elites, com o apoio de setores da imprensa, desenvolvem uma campanha para desqualificar a posição política da UNE".
Ora, isso é uma reivindicação? Me respondam?
Pois então: nada mais inteligente do se apropriar da bandeira de um grupo que poderia lhe prejudicar, não é mesmo?
A partir de agora, se vocês ouvirem alguma propaganda do PSDB, PFL ou outros de oposição na mesma linha política, não estranhem: deve ser o Duda Mendonça juntando os cacos de um sonho fracassado.

Rodrigo Lessa

E o Palloci tb


Não sei se o Palloci está ou não metido nessa, mas que cada vez fica mais evidente que não eram desvios pessoais e sim um estrategia partidária essa corrupção toda, a isso fica.

São os filhos do PT e do fora FHC na rua.

Poderia ser pior?

Eu fico imaginando se alguem pensou que este governo do PT poderia se sair pior do que tem sido?
O governo Lula fez um deserviço tão grande a esquerda brasileira, que ela vai demorar muito tempo pra se recuperar.
O discurso de que falta vontade politica, foi seriamente comprometido. O discurso de que existem politicos sérios nesse pais, também.
Este governo interditou qualquer debate sobre mudanças na politica economica, seus intelectuais desapareceram da vida pública, nem o Renato Janine Ribeiro mais se pronuncia, acabou o discurso petista.
Até as notas a imprensa do proprio PT, pedindo desculpas (é impressionante como no PT há crime, mas não há criminoso) contem um discurso mudancistas falso, de que querem as "reformas", baixar as taxas de juros, blá blá blá, como se estas medidas fossem ser adotadas quando o partido cheguesse ao poder. Alouuu, já chegou a mais de 2 anos.
Pra mim o PT foi ferido de morte, acabou. Apesar de continuar a ter seu eleitorado cativo, indiferente à realidade como o Maluf tem.
Resta a esquerda brasileira se dar conta disso.
andre

sexta-feira, agosto 19, 2005

A Reitoria da UFBA não Sabe Fazer Política

É interessante ver os doutores do grupo político ligado a reitoria da UFBA errar tanto politicamente quanto o assunto é greve nesta universidade.

Primeiro foi na greve estudantil, na qual combinaram com seus aliados no movimento estudantil a estratégia de contestar a greve em todos os fóruns possíveis.

Erraram, pois representavam a maioria dos estudantes, mas uma maioria muito desorganizada e individualista, desta forma a estratégia de retirar os cursos individualmente da greve (todo dia saia um lista atualizada dos cursos que já tinham saído da greve) se mostrou completamente contraproducente na assembléia geral da ufba, na qual os alunos dos cursos que já tinham saído da greve não pareceram mais, e os grevistas ganharam com mais folga na ultima assembléia em comparação com a penúltima.

Ai a reitoria teve aquela idéia genial de eliminar o semestre 2004.2, (eu entendi essa manobra como uma retaliação a greve estudantil e seus apoiadores). Ganharam o sindicato dos professores (APUB) e agora se começou a discutir a possibilidade de uma nova greve.

Percebam que o grupo contra a greve é uma maioria, mais uma maioria desorganizada. Esta semana na assembléia da APUB em um placar apertadíssimo foi aprovada um indicativo de greve.

Agora percebam, se estivéssemos começando o semestre de 2005.1 agora, se a reitoria não tivesse cancelado o semestre de 2004.2, eu aposto que uma dezena de professores ia olhar o atraso no calendário acadêmico e iriam rejeitar esta nova greve.

Resumindo: mais uma vez a reitoria ao tentar acabar com as greves acaba as incentivando. Aja incompetência.

Por: André Greve Pereira

quinta-feira, agosto 18, 2005

Dirceu comemorando, o brasileiro do ano (2004)

Pois é

Quantas vezes falaram que o Lula por não ter cursado uma faculdade, seria um mau presidente que deixaria tudo nas mãos dos assessores, pois era um incapaz.
Pois é, depois daquele discursos do Lula ("eu fui traido"), ele é no mínimo um incapaz de perceber o que acontecia na sua cozinha.
Agora os que falaram aquilo não mais o acham incapaz, e os petistas começam a torcer para que ele seja mesmo um.

lembra quem foi o homem do ano?

Ele mesmo, zé dirceu. Pelas revista Istoé e suas afiliadas.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Reunião sexta

Vai rolar lá em casa reunião de AsquintaS, sexta (19/07) a noite umas 19h, depois a gente emenda pra algum pico, vejo vcs lá. Além de falar mal do Lula a gente ficou de debater o texto "o existencialismo é um humanismo" de sartre.
Pra entrar no grupo é só mandar um email para asquintas@grupos.com.br

O PT acabou sem nunca ter começado

Pois é meu amigos, o bicho pegou, o governo Lula esta preste a acabar sem ter começado (sem a maior reforma agrária da história, sem 10 milhões de empregos, sem dobrar o salário mínimo).

O esquema de corrupçao montado (formação de quadrilha, sim senhor) não visava o enriquecimento pessoal (apesar de alguns casos como o do filho do Lula) mas a interferencia e subeverção do processo democrático. Tanto na compra do congresso quanto no financiamento de eleições (finalmente entendi pq Pellegrino teve a maior campanha pra prefeito de salvador).
A questão não é se a Veja é tendenciosa ou não, (ela assim como a Caros Amigos, tem todo o direito de ser assim).
A questão é se o maior beneficiário do esquema do esquema de corrupção, o Lula, é cumplice ou não dele?

Pois se ele era cumplice, participante, ou chefe da quadrilha, precisamos pedir seu afastamente da presidência da républica. Simples assim.

Agora, para pedir o afastamento do Lula não é preciso seguir os ritos trdicionais; via organizações estudantis que são em geral ligadas ao PT e ao PCdoB, ou fazer passeatas nas ruas.
Hoje boa parte das manifestações da sociedade civil são virtuais, os forum de debates se tornaram virtuais, via email, blogs, orkut. Ao contrário do que ocorria algum tempo atrás no qual as representaçõs estudantis eram vanguarda, não há mais espaço para elas na liderança, ainda que sua participação seja desejável.

Eu quero ver é o pessoal do PT e do PCdoB vir pedir voto pro Lula ano que vem, hahahahhaha, vai ser engraçado demais.

Vamos colocar agilidade nisso aqui

A partir de hj vou começar a divulgar aqui os debates e discussões que faço por email, desta forma pelo menos a cada dois dias pretendo postar alguma coisa neste blog. valeu