segunda-feira, junho 12, 2006

Ética e Moral em Roberto Romano

Eu já havia falado dessa reportagem, mas agora ela está disponível on-line. O texto é longo mas vale a leitura e até a discussão...

"O professor e filósofo Roberto Romano demole o mito de que uma sociedade eticamente perfeita seria um paraíso: ao contrário, ela poderia conduzir ao esmagamento da moral, que dá norte às escolhas individuais. A partir dessa constatação, ele analisa a ética abstrata e exclusivista do PT e a herança totalitária do pensamento marxista. Diz-nos por que Santo Tomás de Aquino, ao unir o elemento especulativo ao prático, é, ainda hoje, um pensador fundamental e expõe as suas preferências por Spinoza, Nietzsche e Elias Canetti."

4 comentários:

Anônimo disse...

Não consegui encontrar na entrevista uma diferenciação clara entre moral e ética. Muito por indução minha, poderia acreditar que Roberto Romano se referisse à ética como um universo ideal “daquela coletividade influente naquele momento” (Reinaldo Azevedo, na quarta interferência que fez na entrevista), e à moral como aquelas regras mais amplamente disseminadas e solidificadas socialmente, com as quais o sujeito teria mais liberdade para definir sua própria posição sobre a situação.

Para ser sincero, eu não acredito numa diferenciação neste sentido. E por um motivo muito simples: as tais “regras”, morais ou éticas, são apenas metáforas lingüísticas largamente utilizadas num sentido próximo – e nunca semelhante – em situações razoavelmente parecidas, através das quais o sujeito se vale de um tal conhecimento anterior (moral ou ético) para construir uma interpretação, sempre nova em alguma medida, da realidade com que se depara naquele momento. Ainda que pudéssemos pensar em regras mais ou menos arraigadas socialmente, determina-las seria uma empresa absurda, pela gama de elementos relacionados ao material cultural que podem interferir nesta re-interpretação da realidade, como também pela possibilidade das regras éticas serem elas também regras morais, ou regras morais serem também regras de direcionamento ético.
Num exemplo seu, Roberto Romano talvez inverta esta compreensão sua sobre moral e ética (suposta por mim):

“Um exemplo que eu costumava dar, para escândalo de muita gente, era o seguinte: as multidões que marchavam em Moscou ou na Alemanha nazista eram éticas. Elas estavam cumprindo exatamente aquilo que a tradição dizia, os valores diziam, os costumes diziam. Quem era moral? Morais eram aqueles poucos indivíduos católicos, protestantes, marxistas, seja lá o que for, que, sendo brancos, no caso da Alemanha nazista, sendo arianos, protestavam e foram parar nos campos de concentração, como o caso de Bonhoeffer, que era um pastor luterano, ariano, que foi parar num campo de concentração. Aí você tem uma atitude eticamente correta porque dirigida pela moral”.

Mas qual é realmente a base da moral? O que é mais bem ratificado socialmente, e por isso faz parte do pensamento da maioria, neste caso a “multidão”, ou a posição de um grupo qualquer como “aqueles poucos indivíduos”, sendo maioria ou minoria, que defenda aquelas regras relacionadas ao direito à vida, à liberdade individual, de origem amplamente determinável (no iluminismo pra começar)?

Ora, afinal de contas, qual a verdadeira diferenciação entre ética e moral e qual a forma de definir-mos as duas? Dizer que o PT se diz protagonista e uma ética “verdadeira” em detrimento da ética da “direita”, é razoável, mas supor que sua desaprovação pode ser impulsionada em alguma medida pela “moral” mais ampla que circunda essa ética, fortificada na individualidade dos sujeitos, é algo precipitado e que demanda maiores explicações.

Quando discutindo a posição dos que acreditam ser moral e ética uma coisa só, ou pelo menos indistinguível, ele não chega a explicar o porque se sua posição:

“Olhe, há um debate nas hostes hegeliano-católicas a partir da interpretação do padre Vaz, que eu acho profundamente equivocada. Ele afirma – e é um grande leitor de Hegel, não duvido – que não há diferença entre ética e moral, dado que ambas têm a mesma raiz cultural, nos costumes etc. O ministro Patrus Ananias [Desenvolvimento Social] assume essa tese absolutamente. Eu acho isso um desastre. Se não existe a consciência do indivíduo capaz de se erguer contra uma multidão de militantes, não há possibilidade de modificação social nenhuma”.

Sempre existirá a possibilidade do indivíduo “se erguer contra a multidão de militantes”, pelo simples fato de que tanto a sua corroboração ou a sua discordância quanto à ética ou à moral leva em conta necessariamente uma re-interpretação das regras que ali estão. (Para uma explicação melhor sobre o assunto recomendo o que escrevi no AsquintaS em “Interpretações Em Sociologia”). E isso, acredito eu, não tem nada a ver com a diferenciação entre moral e ética.

Feijão, me ajude aqui porque eu não entendi a diferenciação dele não, e se entendi não concordei. As outras idéias sobre o PT e Marx são ótimas, entrevista recomendadíssima.

Anônimo disse...

Grande Boxel aniversariante,

As definições realmente são de pouca utilida prática, na verdade as ideias por trás da definição são mais importantes que a própria definição.
As ideias (e consequentemente a definição) de ética e moral que tive são parecidas com as suas. Quanto a ética é igual, o mesmo universo ideal "daquela coletividade influente naquele momento" mas quanto a moral eu entendi e achei interessante considera-lá como a conciência individual.

Nesta entrevista acho que crítica principal seria com relação ao PT e toda a ética petista e esquerdista, que daria muito menos espaço a conciência individual e aos valores individuais em contraposição a um "universo ideal daquela coletividade influente naquele momento"

Por sinal na defesa da tese sobre a importância do individuo e o perigo dessa (conciencia individual x ética coletiva) o Reinaldo Azevedo utilizou recentemente uma entrevista com o psicólogo Contardo Calligaris falando da importância da conciência individual contra os anseios coletivos.

Agora se existe de fato essa diferença, e se existe um dos lados que é melhor, ai eu não sei. Depois eu concluo o meu pensamento. Té mais

Anônimo disse...

Esse texto é uma coisa capenga não tem nada do que eu quero lá , é igual aos outros.

Anônimo disse...

eu consegui achar, procura mais =p ahhshahhsha