domingo, junho 11, 2006

Jorge Amado


Soneto de Agradecimento A Jorge Amado

Nasce de tudo nas Amadas linhas.
De tudo brota quando a terra respira
O homem; calado se ser que estira
Para viver esperanças náufragas.

Nessa Bahia de céu, terra, povo e ar
Por tanto olhar e tanto sentir ao dizê-la,
Num cotidiano belo como amor de rameira,
Pintou a Bahia para nos lembrar

Que há algo entre a fome e a dança,
Entre o gingado e a greve no porto,
Na rebeldia da vadiagem mansa

Dum povo que vive nu e absorto.
Te guardo numa lembrança Jorge, mansa e
Amada: agora amo mais a nossa Bahia.

Rodrigo Lessa

Jorge Amado sempre me encantou muito. Tem uma forma original de falar da Bahia sem exagerar em estereótipos, sem esconder o que poderiam ser características desagradáveis de um povo muito denso culturalmente. Seu herói é agressivo, sua donzela uma rameira, seu amante um infiel. Mas a Bahia é isso. É a pureza num campo insalubre, é o amor original, que não nasce de uma estória insossa de idealismo moral. Jorge Amado tem um olhar romântico sobre a Bahia, mas não finge a essência do que vê para realizar este olhar. A Bahia é nele a idoneidade e a transgressão num só universo, e por tudo isso pode ser bela ao olhar de um homem apaixonado.
A razão, pela compreensão, deságua na emoção de senti-la mais profundamente. Essa Bahia que agente nunca sabe o que é, nem nunca saberá, mais pode se dar ao prazer de sentir. Este soneto foi minha forma de figurar um agradecimento a tudo isso.

Nenhum comentário: