Quem não conhece alguém que comemorou os atentados às torres gêmeas em Nova York em 11/09/2001? O flerte implícito do brasileiro médio e explicito dos esquerdistas com os terroristas é preocupante.
Se as atitudes do EUA, especialmente a guerra do Iraque, são consideradas atitudes imperialistas, sendo motivados por interesses econômicos. Quem é contra os EUA é anti-imperialista certo? Não, essa simplificação engana muita gente. Fica a impressão de que os terroristas e a esquerda tem um objetivo comum, o que não é verdade.
A nível internacional se tem a impressão que os terroristas islâmicos são a vanguarda do movimento anti-imperialista mundial. Pura bobagem, pois apesar deles praticarem ações midíaticas (ao contrário das de mobilização da esquerda), sua luta não é contra os EUA ou seu imperialismo, mas contra os infiéis e também (na maioria das vezes) contra a separação da religião do estado.
Isso ficou claro nas eleições iraquianas (que a mídia brazuca tanto torceu pra que desse errado mas não deu) quando entre um atentado e outro, os grupos terroristas divulgaram suas justificativas para boicotar as eleições e “explodir” iraquianos nas filas de votação. Os fundamentalistas justificavam que um estado laico era contrário aos mandamentos religiosos, entre as leis de deus e o desejo da população, eles ficam com as leis de deus escritas no alcorão.
Boicote, portanto, motivado por razões religiosas, estas mesmas razões que fizeram o Hamas não participar das eleições palestinas. Estes grupos lutam por um estado religioso; como aconteceu no Afeganistão do Talebans e acontece ainda hoje no Irã.
Já o PSTU, que escolhi como representante da esquerda brasileira, divulgou notas em seu site comentando sua posição de apoio ao boicote as eleições iraquianas.
“A partir da adesão da ONU e dos governos imperialistas europeus à tática “eleitoral” de Bush, esse grupos não se colocam contra a eleição do governo fantoche”
“As tropas de Bush impuseram um verdadeiro estado de sítio no país para viabilizar as farsas das eleições, na tentativa de legitimar a ocupação.”
Fica estranho os comunistas brasileiros tanto se identificarem com religiosos fervorosos. O ditado “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” é levado a sério e suas motivações religiosas são omitidas em nome do estrago que podem causar aos EUA.
Quando o Brasil, assim como tantos outros paises, instituiu a republica, e com ela a separação da igreja do estado, houveram diversas reações monarquistas por parte de católicos fervorosos que ainda acreditavam no direito divino dos reis.
Antonio Conselheiro criou Canudos no sentido de pregar as leis de deus contra as leis do cão (da republica) e pedia o retorno do rei português São Sebastião que seria o homem designado por deus para governar o Brasil.
Felizmente, desde a revolução francesa a teoria do direito divino dos reis vem perdendo força entre os cristãos, mas vale lembrar que esta idéia um dia foi dominante, foi uma aliança dos monarcas europeus que derrotou Napoleão e transformou a França numa monarquia “divina” novamente.
As forças progressistas conseguiram acabar com o estado religioso e o transformaram num estado laico com liberdade de culto e tolerância religiosa. Agora este flerte da esquerda com grupos religiosos retrógrados é muito complicado, mesmo quando a intenção é sacanear os EUA.
Entre os islâmicos uma parcela razoável deles acredita na união entre estado e religião (islâmica é claro) e esta ideologia retrograda é que guia a maioria (e não a totalidade) dos grupos terroristas como: Hamas, Al-Qaeda, Jihad Islâmica, Hezbollah, entre outros.
Se engana quem pensa que os atentados do WTC foram motivados por razões econômicas, ou que estes grupos combatem o imperialismo dos EUA. A luta destes grupos (com o apoio da esquerda brasileira) é contra os infiéis, o estado laico e as instituições democráticas.
Eles não são a vanguarda da esquerda mundial, são retrógrados “monarquistas”. E suas atitudes não devem ser comemoradas e sim claramente repudiadas.
André L. Greve Pereira
Obs 1: Desculpem a repetição do tema, não pretendo mais falar do Bush e cia
Obs 2: O que foi dito sobre as eleições iraquianas vale para as eleições palestinas.
Obs 3: Um dos partidos que participou das eleições iraquianas foi o PCI, Partido Comunista Iraquiano.
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