terça-feira, maio 30, 2006

Interpretações Em Sociologia - 1a Parte

(Segue a primeira parte do trabalho que fiz sobre uma citação isolada do livro Sobre O Humanismo, de Martin Heidegger. O trecho já está postado neste blog sob o título de "Interpretações Em Sociologia". A bibliografia virá no final).

Interpretação Sobre Trecho do Livro Sobre O Humanismo, de Martin Heidegger

Por Rodrigo Lessa

Introdução. Uma estratégia. E que bela estratégia. A reação de Heráclito frente ao grupo de visitantes em afirmar verbalmente a presença dos deuses, é de fato uma forma de garantir um contato que terminou por ser comprometido pela descrença dos forasteiros quanto ao resultado de uma possível experiência com o filósofo. Mas é justamente na sua primeira ação frente à reação dos visitantes que residirá a primeira lição desta rica experiência. Veremos o porque disso e principalmente o provável motivo da primeira reação dos forasteiros, neste texto, através de uma doutrina sociológica que desenvolve uma compreensão bastante precisa das ações humanas quando em interação com outros indivíduos: o Interacionismo Simbólico.
I. Esta corrente teórica em sociologia apresenta na realidade uma raiz que nos remete às experiências metodológicas relacionadas à Escola de Chicago, entre 1915 e 1940 nos Estados Unidos, onde e quando, na filosofia, o pragmatismo propunha um novo ângulo sobre a compreensão das ações sociais. Era fundamental ao pragmatismo que a conduta humana fosse estudada não como um ato determinado fora do contexto da ação em que é exercido, como uma determinação de um fim apenas por via da consciência per se do sujeito, onde por fim os significados corresponderiam a meros laços entre fatos sociais e fins práticos. Mas, por outro lado, como um resultado de diversas ponderações sobre as resistências que uma conduta encontra invariavelmente na relação com outros indivíduos (Joas, 1999). Seria menos interessante observar “estruturas dominantes” de constrangimento e determinação da ação anteriores ao contexto da ação do que buscar, no desenrolar deste contexto, os elementos contidos nas relações que poderiam ser definitivos na tomada de decisão por parte do agente. Logo, a minuciosa descrição do relato de Aristóteles através de Heidegger nos fornece prato cheio para uma análise sob este ângulo.
Não obstante, a grande inovação do interacionismo simbólico será uma importância suplementar concedida ao significado que os indivíduos atribuem aos objetos, tal como a sua fonte, em cada caso particular. A natureza do interacionismo simbólico se fundará assim em três premissas básicas: a) os seres humanos agem relativamente às coisas através dos significados que tais coisas provocam neles, b) estes significados derivam de relações sociais anteriores com outros companheiros e por fim c) são manejados e modificados através de um processo interpretativo utilizado pelas pessoas ao lidar com as coisas com que se defrontam na vida cotidiana (Blumer, 1969).
Padrões ou valores morais de largo alcance na definição das ações humanas só existirão assim, na dinâmica da re-significação constante dos objetos do mundo. O que remete os agentes a uma eterna re-interpretação ou re-adaptação das vivências anteriores destas informações, e portanto dos significados atribuídos à infinidade destes objetos (ou coisas) envolvidos na ação. E é justamente a variedade de significados e as suas fontes sociais que buscaremos em nosso caso prático. Pois, de modo algum, eles são estáticos.
Como as tais vivências são também fruto de interpretações de interpretações, o resultado da observação por parte do indivíduo destas experiências anteriores, advindas da comunicação que ele desenvolve com outros indivíduos, é uma maleabilidade até então mal observada das supostas “estruturas dominantes”, que na realidade passam a costumes mais ou menos arraigados socialmente. Preceitos mais ou menos reafirmados em meio à dinâmica das relações sociais.
Todo este conhecimento e rol de critérios fornecidos pelo interacionismo simbólico nos permitirão não só indagar algo sobre a bagagem experimental dos forasteiros - buscando ali o modo como valores adquiridos serão definidos no contexto do contato com Heráclito - como também uma justificação para as demais reações suscitadas pelo estranhamento primeiro da relação, como é o caso da própria menção aos deuses realizada pelo filósofo (a estratégia, como frisei no início). Nos remeteremos a uma investigação da forma com que as experiências de cada agente – tome-se aí Heráclito e “forasteiros”, generalizando os últimos – demonstram-se existindo no contexto da ação, ou melhor dizendo, da relação social, admitindo a sua re-significação e portanto a sua maleabilidade frente às reações recíprocas. Afinal, este exemplo traz uma situação eminente, numa relação parcialmente comprometida entre indivíduos de um universo cultural aparentemente próximo.
(...)

segunda-feira, maio 29, 2006

Political Budget Cycles nos Municípios Baianos

Este vai ser o tema da minha monografia. As referências por enquanto estão sendo o pessoal do Ibmec-MG e o professor Maurício Bugarin's da UNB.

Clipping

- Pra quem não conhece Guillermo é meu amigos e colega de faculdade. Nós conseguimos ter opiniões opostas sobre quase tudo e mesmo assim concordar em muita, muita coisa. Estranho né?

- Este blog quebrou se próprios recordes de visitas diárias, foram 50 no dia 25/05. Apesar de ainda ser muito pouco, comparado com a maioria dos Blogs.

- Jaciara, já começou a receber spans no seu email: indiajacy@yahoo.com.br

- Cisco Costa não estuda economia da UFRGS, mas Letras. Bem que eu desconfiei, este post estava bem escrito demais.

- É tão legal ler os trabalhos acadêmicos de pessoas que a gente já conhece (neste caso o pessoal do Gustibus) fico pensando se não foi por isso que mudei o tema da minha monografia.

- “Câmbio flutuante no Brasil não flutua. Voa ou afunda.” Antonio Delfim Netto (PMDB-SP).

domingo, maio 28, 2006

Forbes e a "Fortuna de Fidel"

Quem já ouviu que a fortuna de fidel é de 900 milhões de dólares?

Será que é verdade? Leia este texto e exercite o seu senso-crítico. Para mim é verdade sim, no entanto ela não está nos mesmos ativos daquele que possui uma fortuna muitas vezes maior que a do líder revolucionário cubano: a fortuna de Bush está em dólares, a de Fidel pode estar em outros ativos incomensuráveis como nos conta Emir Sader neste curto e aprazível texto: (http://www.voltairenet.org/article139360.html)...

Desde então, os proprietários da revista Forbes estiveram por trás dos planos contra essa nação caribeña, seu povo e seus dirigentes. Insistindo que Fidel Castro Ruz se aproveita pessoalmente das poucas riquezas materiais cubanas, busca, quiçá, semear dúvidas em seu povo

“Uma vez meu pai gastou cinco milhões de dólares para seu próprio aniversário, e, Tánger”, se vangloriava um dia Steve Forbes, filho de Malcom e multimilionário dono da revista Forbes ao perguntar por que não gastar alguns milhões mais para tentar ser Presidente dos Estados Unidos. O que não conseguiu.

Aos novos governantes, segundo o ambicioso plano estruturado sem levar em conta ninguém no interior da Ilha, não deveria levar mais de dois anos para vender todos os ativos públicos. A privatização permitiria às empresas estrangeiras apossar-se de 80% das ações, de qualquer setor. Era uma espécie de liquidação com caráter de oferta.”

A fortuna de Fidel

Forbes e seus “interesses em CUBA”.

Hernando Calvo Ospina

Rebelión

Que grande veículo de informação no mundo pode ser chamado de independente e objetivo hoje em dia? É possível ser quando seus principais acionistas estão envolvidos, dia-a-dia, com as grandes decisões mundiais, tanto políticas quanto econômicas? A sabedoria popular sempre disse: quem paga a orquestra, escolhe a música.

A revista estadounidense Forbes, que ano a ano publica a lista dos homens e mulheres mais ricos do mundo passou a incluir o presidente de Cuba, Fidel Castro Ruz. No último número sitúa-o como sétimo.

Mas será que Forbes pode ser objetiva nessa informação? Existem dois motivos que fazem duvidar disso. Um é que seus métodos para tal conclusão são “mais arte que ciência”, segundo reconheceu a própria publicação. Sempre ensinaram que os números e as contas são ciências exatas.

Mas o segundo motivo é muito mais forte: pelo menos desde 1991 os principias acionistas de Forbes e a família Forbes, estão vinculados aos planos de desestabilização da Revolução cubana. Isso pode ser lido no Capítulo 14, como título “A transição e a reconstrução de Cuba”, do livro “Rum Bacardi. A Guerra Oculta”.(2)

“No final de 1991 tudo estava preparado para a queda do regime cubano. Sem o apoio dos antigos sócios comerciais do antigo bloco socialista europeu nada o poderia salvar”.
”Os magnatas, cujas propriedades foram nacionalizadas, começaram a preparar as malas para irem a Cuba assim que chegasse a esperada notícia. Os diretores e acionistas de Bacardí tinham certeza que estariam no pequeno núcleo de privilegiados que poderiam realizar o retrocesso com muita segurança (...) Era natural que eles favorecessem a ‘Comissão para a Reconstrução Econômica de Cuba” (Blue Ribbon Commission on the Economic Reconstruction of Cuba). Essa comissão era outro apêndice da Fundação Forbes (3) “

”A Comissão foi lançada como um ‘projeto de transição política e econômica’, para estudar e dar respostas ‘ao caminho da reconstrução cubana’(4). Deveria agrupar informação sobre os setores chaves da economia na Ilha, formulando estratégias macroeconômicas que, no final, desembocassem numa economia de livre mercado, de recorte neoliberal. Aos novos governantes, segundo o ambicioso plano estruturado sem levar em conta ninguém no interior da Ilha, não deveria levar mais de dois anos para vender todos os ativos públicos. A privatização permitiria às empresas estrangeiras apossar-se de 80% das ações, de qualquer setor. Era uma espécie de liquidação com caráter de oferta.”

“Thomas Cox, especialista da Heritage Foundation para a América Latina, atuou como presidente da Comissão. Malcom Forbes, diretor da revista destinada a investidores atuou como diretor executivo. Também integraram a Comissão Arthur Laffer, o economista preferido do presidente Reagan; William Clark, do Conselho Nacional de Segurança; os políticos Robert Torricelli; Dante Fascel, Ileana Ros-Lethinen e Connie Mack; sem faltar (a ex-embaixadora) Jeane Kirkpatrick, nem o diretor da AFL-CIO, William Doherty. O vice-presidente era Jorge Mas Canosa, chefe da Fundação Nacional Cubano Americana, e quem se elegeria como futuro presidente da Cuba posrevolucionária (...)

”Ernesto Betancourt, ex-diretor de Radio Marti, escreveu um artigo no Nuevo Herald(5) reproduzido em The New York Times. Nele, Betancourt repele totalmente a “Comissão Especial para a Reconstrução de Econômica de Cuba”. Mas não é só isso. Também assegurava que o presidente Bush se equivocava ao apoiar a Fundação, ‘organização cuja liderança está dominada por ex-colaboradores da odiada ditadura de Batista e seus familiares’(...)

“Em outras partes do artigo, Betancourt se expressou sobre a criação desta ‘Comissão’ e seus propósitos:

“Em sua reunião anual (na primavera) a Fundação anunciou a formação de uma Comissão para desenhar um plano para a reconstrução econômica de Cuba (...) Jeb Bush, o filho do presidente, foi o anfitrião, e o ex-presidente Ronald Reagan esteve lá para dar sua bênção. (...) Se você fosse cubano, não pensaria que os Estados Unidos estavam gestando um plano determinado para o futuro de Cuba e que esta administração havia escolhido a Fundação Nacional Cubano-americana para levar a cabo? O grupo diz que tem compradores com desejo de pagar 15 000 000 (sic) por 60% da terra cubana e outros bens. Ninguém deu à Fundação autonomia para vender a Ilha...”(...)

Desde então, os proprietários da revista Forbes estiveram por trás dos planos contra essa nação caribeña, seu povo e seus dirigentes. Insistindo que Fidel Castro Ruz se aproveita pessoalmente das poucas riquezas materiais cubanas, busca, quiçá, semear dúvidas em seu povo, o qual muito, mas muito majoritariamente acredita nele de olhos fechados. E com essa espécie de desígnio, considerado um ataque, só consegue mais adeptos ao Comandante* Hernando Calvo Ospina é jornalista colombiano. Autor dos livros 'Dissidentes o mercenários' e 'Ron Bacardí. La guerra oculta', entre outros.

Notas(1) Kroll, Luisa, "Fortunes of kings, queens and dictators. Forbes, 5 de mayo 2006)(2) Calvo Ospina, Hernando. "Ron Bacardi. La guerra oculta". Libro editado, entre los años 200 y 2002, en español, francés, neerlandés, italiano, inglés, alemán. Basadas en su información, las cadenas televisivas BBC y la franco-alemana, Arte, realizaron documentales.(3) Fundación Nacional Cubano Americana, organización creada por el Consejo Nacional de Seguridad del presidente Ronald Reagan, en 1982, dedicada a buscar la desestabilización , por todos los medios posibles, de la Revolución cubana.(4) "For a free and democratic Cuba". Fundación Nacional Cubano Americana, Miami. No trae fecha de publicación, pero debió de haber sido editado a comienzos de los años noventa.(5) Betancourt, Ernesto. "La solución interna". El Nuevo Herald,

Miami, 13 de septiembre de 1991.___________________________________________________Forbes, inventor de fortunas, se niega a revelar la suyaJean Guy Allard2006-05-26Cubadebate

A fortuna dos FORBES

“Uma vez meu pai gastou cinco milhões de dólares para seu próprio aniversário, e, Tánger”, se vangloriava um dia Steve Forbes, filho de Malcom e multimilionário dono da revista Forbes ao perguntar por que não gastar alguns milhões mais para tentar ser Presidente dos Estados Unidos. O que não conseguiu.

Não era mentira. Malcom Forbes, seu genitor, era famoso por ser o que os norte-americanos chamam um “showman” – uma pessoa que chama atenção ao exibir grosseiramente sua fortuna – que viajava em um dirigível, comprava numa rajada caríssimos ovos de Faberge e poesia, uma coleção de 100 000 soldados de miniatura estimada em 1 milhão de dólares.

Para seu aniversário de 70 anos, decidiu ter certeza que todos sabiam que ele era escandalosamente rico por força de negócios nem sempre ortodoxos.


Alugou três aviões para trazer centenas de convidados (incluindo a então famosíssima atriz norte-americana Elizabeth Taylor ) em Tánger, Marrocos, onde sua propriedade consistia em um suntuoso palácio de 1880 metros quadrados, com 33 luxuosos quartos, no meio de 10 acres de terra. O lugar fora residência do Sultão do Império Otomano.

A party foi orgiástica, com a comida mais fina, os vinhos mais raros e 600 dançarinas do ventre e 200 cavaleiros de época com suas montarias selvagens que deram um show cuja loucura estava longe da renda média dos habitantes desse país da África do Norte.

1.2 MILHÕES AO ANO MAIS AS RENDAS 'MARGINAIS'

Malcolm Stevenson Forbes, Jr., nome completo do atual dono da revista que inventou a lenda dos “900 milhões de Fidel Castro” cresceu na fazenda da família de 40 acres, Far Hils, New Jersey, e foi maltratado por seu pai que o forçava a usar o kilt, a saia escocesa, e a tocar a típica gaita para os convidados, sobre o ostentoso yate da família, o Highlander.

Como Dan Quayle, George W. Bush e muitos outros filhinhos de papai, ele soube se safar de combater no Vietnã servindo à Guarda Nacional.

Aos 22 anos, começou a trabalhar na revista do pai, seu pai é o único patrão que ele nunca teve. Herdou logo o negócio onde recebe um salário de 1.2 milhões por ano, além, é claro de outras utilidades previstas no estatuto.

Apesar de ser questionado por muitos em seu talento como administrador, Forbes alcançou vendas de mais de 4500 páginas de publicidade por ano graças a uma política editorial bastante singular: não se publica más notícias sobre empresas que compram espaço. Steve Forbes ficou famoso por licenciar sua secretária, Ann Barton, quando ela ia celebrar 65 anos de idade apesar de já trabalhar pra ele há 13 anos. O motivo: Forbes avalia, e escreveu nos editoriais, que é preciso se desfazer fervorosamente de seu pessoal quando alcança essa idade.

Para sua primeira aventura presidencial, em 1996, Steve Forbes – filho de um velho sócio de Jorge Mas Canosa – escolheu como assessores dois velhos colaboradores do Senador No, Jessé Helms, conhecidos por gerir campanhas particularmente corruptas.
Sua gestão da Rádio Free Europe e Rádio Liberty – estações de propaganda anticomunista mantidas na Europa do Leste pela CIA – entregue a ele por Ronald Reagan na década de 80, foi um desastre financeiro pelo descontrole dos gastos.


Não se sabe o valor exato da sua participação financeira na anticubana Freedom House onde ocupa o posto de membro da junta. Freedom House é a casa mãe do Cento para uma Cuba Livre do agente da CIA Frank Calzón.


Por outro lado, a corporação Forbes também investiu em terras no Colorado e Missouri, que revendeu através de anúncios em suas próprias páginas. O caráter irregular do contrato de venda fez com que, há alguns anos, Forbes tivesse que reembolsar os compradores considerados vítimas de um roubo.

Steve Forbes que revela a suposta fortuna de alguns personagens conhecidos e até inventou, descaradamente, os “900 milhões” do máximo dirigente cubano, se negou a publicar informe de renda ao IRS, o serviço federal de impostos, quando tratou de conseguir a candidatura republicana à presidência.

Sabe-se que possui, além da sua residência e de vários outros inumeráveis bens, uma ilha em Fiji, um gigantesco yate, um Boeing 727 e um castelo na França, e as projeções mais otimistas sobre sua fortuna encontradas na Internet apontam contas na Suíça e situam seu capital em 800 bilhões de dólares.

A revista Fortune, por sua vez, avaliou o capital de Steve Forbes a um mínimo de 439 milhões e a fortuna familiar a aproximadamente 1,4 milhões de dólares.

____________________________________________

Revista Koeyu Latinoamericano

Sobre o Xadrez Energético

Um pouco acerca da questão asiática e os reais motivos da pretendida investida contra o Irã...

(...)OCS poderia se converter num obstáculo formidável aos sonhos imperiais dos “falcões-gasolina”. Os ministros de energia do Irã, Paquistão e Índia se reunirão novamente para examinar a proposta de construir um gasoduto que uma as três nações e abasteça com gás natural iraniano às duas últimas(...)


Sobre o Xadrez Energético

Por Juan Gelman

Zbigniew Brzezinski soube formular há anos: Ásia central é chave para dominar o mundo pelas suas reservas de petróleo e gás natural. Em seu livro The Grand Chessboard-American Primacy and it’s Strategic Imperatives (Basic Books, Nueva York, 1997), quem foi assessor de Carter, Reagan e Bush pai aponta que na Eurasia (Russia, Meio Oriente, Índia e China) se concentram três quartos dos recursos energéticos mundiais conhecidos e tira conclusões: para dominar o mundo inteiro, EUA deve controlar essa extensa região. Por outro lado têm a invasão do Iraque e Afeganistão, a projetada do Irã e a promoção de “mudanças democráticas” na Ucrânia e outros ex-membros da dissolvida União Soviética que, por acaso, também possuem importantes reservas de ouro negro. A realização do projeto está se tornando difícil para a Casa Branca e o vice Dick Cheney visitou o Kazajstão no início de maio com o objetivo de impor. No dia anterior havia criticado Moscou por seu uso do petróleo e gás natural como ferramentas de intimidação e chantagem (The New York Times, 6/5/06).

O presidente Kazako, Nursultan Nazarbayev, governa seu país com mão de ferro há doze anos. Em dezembro de 2005 ganhou seu terceiro mandato de seis anos com 91% dos votos, uma votação que lembra as da época soviética. Mas Kazajstán produz 1.200.000 barris de crú por dia e se estima que chegará a três milhões em 2015 quando a demanda mundial terá crescido 50% em comparação com 1993. Dessa forma, Cheney, o grande defensor da “liberdade” em todo o mundo, esqueceu suas veleidades democráticas para expressar “admiração” pelo ditador com a esperança de que fosse aceita a construção por empresas yankees imediatamente de um oleoduto que atravesse Azeibarján e desemboque na Turquia evitando passar pela Rússia. Foi um fracasso: o ministro de energia kazako não demorou em garantir a Moscou o transporte de petróleo russo a China pelo duto Atasu-Alashankou recentemente inaugurado.

Em junho de 2001 nasceu a Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) formada pela Rússia, China e quatro ex republicas soviéticas da Ásia Central: Kazajstão, Tadjikistão, Uzbekistão e Kirguisistão. No mês que vem o Irã, até agora só observador, será convidado a fazer parte da OCS como membro pleno e Li oTan, embaixador da China no Teherán, anunciou no último mês de abril a imediata adesão ao acordo de considerável dimensão: estima-se que seu valor será pelo menos 100 bilhões de dólares. Inclui a exploração conjunta da rica jazida marinha iraniana de Yadavarán e a compra de 250 milhões de toneladas de gás natural líquido em 25 anos pela China (www.globalre search.ca, 7/5/06). Não é a toa que Pekín se opõe às sanções contra o Irã que os EUA quer impor ao Conselho de Segurança da ONU.

No encontro da OCS que vai ocorrer no próximo 15 de junho será traçada uma estratégia comum entre esses países asiáticos, que inclui projetos conjuntos de oleodutos e prospecção de reservas petrolíferas, além de convidar a Mongólia, Paquistão e Índia para participar do organismo. A OCS poderia se converter num obstáculo formidável aos sonhos imperiais dos “falcões-gasolina”. Os ministros de energia do Irã, Paquistão e Índia se reunirão novamente para examinar a proposta de construir um gasoduto que uma as três nações e abasteça com gás natural iraniano às duas últimas. A Casa Branca, que sempre considerou Nova Deli o contra-peso de Pequim na região, pressiona duramente para impedir que esse projeto se concretize. A dor de cabeça maior para os projetistas da geopolítica norte-americana é, de fato, a China.

Em 18 de abril, o presidente Hu Jintao iniciou uma visita de quatro dias aos EUA e teve que suportar um par de insultos deliberados da Casa Branca. O mais grave aconteceu no encontro com Bush: ressoou o hino chinês, mas o de Taiwan, não o da República Popular. Hu ficou indiferente: terminada sua estadia em Washington ele foi à Arábia Saudita, que a Casa Branca considera uma pedra fundamental de sua política energética, onde assinou um acordo de cinco bilhões e 200 milhões de dólares destinados à construção de uma refinaria de petróleo e uma petroquímica no nordeste da China. Em seguido visitou a Nigéria, Kenia e Marrocos, países que estão dentro da esfera de influência estadounidense. Há dois meses o chefe do pentágono, Donald Rumsfeld, esteve em Rabat para vender armamento. Hu ofereceu a prospecção das reservas marroquinas de petróleo e gás natural.


Brzezinski destaca em seu livro que um dos imperativos de uma geoestratégia imperial consiste em impedir que os bárbaros se unam. Parece que eles estão se unindo e talvez aconteça antes do previsto uma profecia do que hoje é um neoconservador, realista: a longo prazo, as políticas globais serão cada vez mais incompatíveis com a concentração de poder hegemônico em um único estado. EUA não só é a primeira e única superpotência verdadeiramente mundial que já existiu, como também provavelmente será a última. Amém.
Fonte: http://www.pagina12.com.ar

Blogosfera Econômica

O parceiro do Joselmar, o Joel esta com este blog. tem um post interessante sobre como os celulares se tornaram um elemento da infra-estrutura básica.

Piadinha


Via Gustibus, fonte esta.

quarta-feira, maio 24, 2006

Interpretações Em Sociologia

Ando preparando uma interpretação sobre esta citação de Heidegger para uma avaliação da disciplina Sociologia III, no curso de Ciências Sociais, a luz de alguns textos trabalhados na disciplina. Devo terminar nesta terça-feira, dia 30 de maio. Até lá eu vou deixar o trecho aqui, em banho-maria.

Rodrigo Lessa

Aristóteles relata: narra-se de Heráclito uma palavra que teria dito aos forasteiros que queriam chegar até ele. Aproximando-se, viram-no como se aquecia junto ao forno. Detiveram-se surpresos; isto, sobretudo, porque Heráclito ainda os encorajou – a eles que hesitavam – convidando-os a entrar com as palavras: “pois aqui também os Deuses estão presentes...” O grupo de visitantes está frustrado e desconcertado na curiosidade que os levou a dirigirem-se ao pensador; o desconcerto é provocado pelo aspecto de sua moradia. O grupo iria ter que encontrar pensador em circunstâncias que, ao contrário do simples viver dos homens comuns, deveriam mostrar, em tudo, os traços do excepcional e do raro e por isso do emocionante. O grupo traz a esperança de, com sua visita, encontrar junto ao pensador coisas que – ao menos por um certo tempo – forneceriam assunto para uma conversa divertida e animada. Os estranhos que querem visitar o pensador esperam vê-lo talvez justamente no momento em que ele, mergulhado em profundas meditações, pensa. (...) Em vez disso, os curiosos encontram Heráclito junto ao forno. É um lugar banal e bastante comum. Sem dúvida, nele se assa pão. Ele está aí apenas para se aquecer. Assim revela ele neste lugar, sem dúvida, comum, toda a indigência de sua vida. A vista de um pensador passando frio oferece muito pouco de interessante. Os curiosos perdem, pois, com esta visão frustrante, logo a vontade de se aproximarem mais. Que farão ali? Este fato comum e sem encanto, de alguém estar com frio perto do forno, qualquer um pode revive-lo, em qualquer tempo, em casa. Para que procurar um pensador? Os visitantes se prestam a se afastarem. Heráclito lê a curiosidade frustrada em seus rostos. (...) Por isso, infunde-lhes coragem. Ele mesmo os convida a entrar, contudo, dizendo: “os Deuses aqui também estão presentes”.

HEIDEGGER, Martin. Sobre o Humanismo, pág. 170/171. Os Pensadores. Editora Abril, São Paulo, 1984.

Televisão

A 4 anos eu não tenho uma televisão em casa, me contento em assistir um pouquinho nos fins de semana, quando costumo ir para villas, como estou desempregado desde o mês passado tenho aproveitado para ficar mais em villas e, também, assistir mais televisão.

Além da superexposição da copa do mundo, percebi que a Rede Globo anda politicamente corretíssima. Suas novelas parecem os desenhos animados da Disney, cheias de lições de moral para passar.
Assisti a 10 minutos de Malhação e recebi as seguintes lições de moral;
1) Os paraplégicos também podem treinar um time de basquete
2) As mulheres bonitas não são menos eficientes que as feias, e também estão em pé de igualdade com os homens
3) Lésbica não é sinônimo de mulher-macho, ela também podem pode ser bonita e feminina.

Obviamente não se trata de uma coincidência a inclusão de temas politicamente corretos na trama, mas de uma política da Rede Globo em promover esses valores morais.
As outras novelas também são politicamente corretas apesar da menor intensidade; a das 6 mostra os absurdos da escravatura no Brasil e as das 7 e das 8 mostram em geral a ganância dos ricos, e dos pretendentes a rico, e as virtudes dos pobres. O Reinaldo Azevedo chamaria isso de pobrismo.

terça-feira, maio 23, 2006

Lost in Scandinavia - part V: como somos vistos abroad...

Pois é, estou de volta. No avião consegui ler alguns jornais - é bom poder ler e entender - dos quais destaco alguns comentários (o grande tópico sobre o Brasil é o q aconteceu em SP).

de um jornal português:
"... se o Brasil tem um ministro só para o Turismo e outro só para a Cultura, deveria ter um só para a Segurança Pública..." e depois nós ainda fazemos piada com os portugueses.
E olhem q o autor da nota provavelmente nem sabe q temos um ministro para a integração racial (não sei o nome deste ministério e nem o nome do ministro - alguem sabe?) e outros para tópicos como "mulheres", "pesca", e sei lá o q mais (estes sei da existencia, mas tb não sei nomes e duvido q vcs saibam).
"Sindicalistas alemães reinvindicam o direito de assistir aos jogos da Alemanha na Copa. No Brasil, quando joga a seleção canarinho todos vão para casa, patrões e empregados."

domingo, maio 21, 2006

Lost in Scandinavia - part III: regras, lá e cá

Por aqui (mais na Dinamarca, é verdade) o respeito as regras é absurdo para nossos padröes. As pessoas esperam no frio a sinal abrir - inclusive ciclistas - mesmo q näo venha um carro próximo, nem mesmo esteja a vista. Parece estranho ver um grupo de ciclistas esperando sinal verde para atravessar uma via sem nenhum movimento. Por outro lado, se vc se distrair e ficar no meio da ciclovia, será atropelado, pq eles näo väp desviar de vc, q está no lugar errado. Já por aí vemos deputados (os q fazem as leis) envolvidos em quadrilhas, presidentes dos orgaos máximos do judiciario (os q aplicam as leis) manejnado os julgamentos para favorecer carreiras politicas (suas e de outrem), governos negociando com grupos acima do estado, e por aí vai. É o outro lado da mesma moeda, o nosso desprezo a ideia que as regras se aplicam a todos. Por aqui sao excessivamente civilizados, mas nós estamos no caminho da barbarie.
Talvez um meio termo seja viável - pensei na Itália...

Lost in Scandinavia - part II: the weather

Well, my dears,

tentei mandar umas fotos ou me conectar a internet, mas meu laptop näo tem wireless - coisa inacreditável por aqui - algo de um retardado tecnológico. Os cybercafé nao tem como inserir o arquivo. Tentarei postar no próximo destino. No mais, por aqui frio e chuva - as vezes os dois juntos - comprei dois guarda-chuvas, q é claro, foram perdidos, tentei resistri a comprar o terceiro mas foi inevitável. E entäo, (näo estranhem a acentuacäo, é o teclado, c cedilha nem pensar) como manda a lei o sol se fez.
até breve

sábado, maio 20, 2006

Você Acredita em Span?

Minha namorada não acredita que recebo emails indesejados (Spans) dizendo:

"Oi , primeiro eu vou pedir para você mil desculpas.. Rs
Você tinha me pedido para achar aquela foto lá, e fiquei de ver para você, só que acabei me enrolando aqui nas minhas tarefas e acabei não tendo tempo.
Mais espero que você me desculpe, e me diga senão valeu a pena esperar só esses dias. Rs
Só não vai deixar aquela pessoa ficar sabendo que te mandei essa foto, senão ela vai acabar me matando. Rs
Bem confio em você, só em você, e espero que você me perdoe. E goste muito do presente. Rs
Eu não consegui enviar a foto para seu e-mail diretamente, então para não demorar mais ainda, guardei ela no meu fotolog, é só você ver ela por AQUI
Se caso não funcionar aí, é só clicar AQUI
Beijões e manda um abraço pro pessoal ai. Carol (só para os íntimos)
"

Resolvi então fazer um teste com o email dela. Vou colocar o email dela neste blog e aposto que dentro de um mês ela receberá os mesmos emails que ando recebendo. Alguém duvida?

Apropósito, alguém tem alguma outra sugestão de como encher a caixa de mensagens dela de Spans?

indiajacy@yahoo.com.br - jacysampaio@hotmail.com

Segurança

Via Gustibus e Estadão
O cartel prejudica a concorrência?
Quase ninguém percebeu, exceto os policiais de plantão. Mas, enquanto o crime organizado mostrava sua força em São Paulo, um outro tipo de criminoso, o comum, recolheu-se para não ser pego no meio da guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a polícia. O resultado é que o total de crimes registrados no Estado caiu 45% nos cinco dias da onda de atentados em comparação com a semana anterior. Os dados são da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP), da Secretaria da Segurança Pública.

Segundo o Estadão, o objetivo do PCC era infiltrar-se na máquina do Estado.
Segundo o Reinaldo Azevedo, um certo partido tem o mesmo objetivo.

Negociando com bandidos
O governo Lula critica acordo com bandidos, mas o Exército foi acusado de negociar com traficantes do Rio a devolução das armas roubadas do quartel. No Haiti, quinta, as forças da ONU chefiadas pelo Exército brasileiro, em vez de prenderem, reuniram-se com o “comandante Evans”, chefe da gangue que controla a maior e mais violenta favela do país.

sexta-feira, maio 19, 2006

Blogosfera Econômica

O Ari é o novo integrante do Gustibus, que indicou um blog de um estudante de economia da UFRGS que fala sobre tudo.

E eu que já estava pensando que teria que ler blogs econômicos em inglês.

quarta-feira, maio 17, 2006

Cadê a Direita no Brasil?

O Olavo de Carvalho escreveu um artigo dizendo como deveria se comportar os liberais-demomcráticos na disputa ideológica nacional.

Sua tese é simples, não importa quão bem formuladas sejam as idéias e códigos liberais o importante é desmascarar o comunismo, e discutir três pontos: transparência, sinceridade e idoneidade.
Eu concordo com ele a esquerda em geral é muito relativa nesses conceitos, o Reinaldo Azevedo sintetizou isso em 4 palavras; "Rouba, mas distribui renda".

O problema é que desmascarar a esquerda é muito chato, é fácil mostrar que o Emir Sader mentiu propositalmente neste artigo, que as previsões do Laerte Braga não se concretizaram, que faz quase um século que todo comunista que se preze fala da crise final eminente do capitalismo que nunca vêm, etc...
Tenho feito isso a um ano e não convenci quase ninguém. Já praticamente desisti, é aquela história quando um não quer dois não debatem.

Mas sim, a questão é que já cansei de procurar (e encontrar) falta de transparência e de honestidade na grande maioria dos articulistas esquerdistas, agora só quero saber de construir os tais modelinhos teóricos (desnecessários para a derrota comunistas) hehehhehe.
Li e to lendo alguns livros que achei na biblioteca da faculdade; O Novo Liberalismo Econômico de Milton Friedman, O Internacionalismo Pop de Paul Krugman, Cabeça a Cabeça de Lester Thurow. E devo dizer os debates nos EUA são de outra categoria, e estão me agradando muito.
Como disse o Milton Friedman no ínicio do seu livro, sempre podemos escolher a sociedade em que queremos viver, basta apenas viajar.

Se a direta no Brasil praticamente não existe (com honráveis exceções aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, e isso graças a internet) bem que eu poderia procurar um lugar onde ela fosse maior.
Ao falar isso me lembrei de Saulo, um colega da FCE-UFBA, que é de direita e judeu, e sempre diz que quando acabar a faculdade vai pra Israel.
Pois é Olavo, a direita anda perdendo tão feio a batalha ideológica que esta (literalmente) fugindo dela.

Ajuda Mínima

A pretendida “ajuda” do governo Lula ao governo de São Paulo foi só uma encenação política, porque as forças federais pouco acrescentariam aos 130.000 membros das polícias Militar e Civil paulistas. No Exército, todo o Comando do Sudeste (SP e Mato Grosso do Sul) soma só 26.000 homens, a Polícia Federal tem apenas 900 e a tal Força Nacional de Segurança é virtual: são 4.000 policiais de vários Estados. Na maioria, policiais paulistas.
Via Caludio Humberto.

Lost in Scandinavia – part I: Como se sente um analfabeto na cidade

Pois é, tente comprar um bilhete de trem na estação central de København - Copenhagen, numa máquina automática de bilhete e perceber que não consegue ler as opções, e depois de tentar adivinhar, perceber que é um esforço inútil. Você não sabe ler, nem extrair significado das letras... é, a vida é difícil para os analfabetos.

Qual sua Religião?

A reencarnação ainda é uma grande polêmica. Uns têm fé nela e outros dizem que não passa de pura imaginação. Até mesmo dentro das religiões, este é um assunto que gera muita confusão.

Para o espiritismo, por exemplo, a reencarnação é uma maneira que o ser humano tem de evoluir e se aproximar de Deus. Já para o catolicismo, ela não existe, pois Deus criou uma alma para cada pessoa e esta não pode voltar em um novo corpo. O Hinduísmo e o Budismo acredita que a reencarnação e uma maneira de purificar a alma. Os evangélicos crêem que ao morrer, a vida do homem termina e ele vai para junto de Deus.

Não importa qual a sua religião e se você acredita ou não em uma nova chance para o homem. Porem, todo mundo sabe que ninguém esta aqui por acaso ou simplesmente colocado no mundo só para enfeitá-lo. Cada pessoa tem uma missão, e é isso que a Astrologia tenta explicar. Segundo ela, cada signo tem um destino de acordo como que viveu nas outras vidas, de acordo com seu carma. Ou seja, o resultado positivo ou negativo que cada pessoa traz, gera a missão que cada um deve cumprir para alcançar o seu drama, que e a plenitude espiritual.

Antes de saber qual e a sua missão, e preciso entender uma coisa: ao contrario daquilo que muita gente pensa, a reencarnação não e um castigo e sim um presente. E uma chance de se torna um ser melhor, mais puro, mais evoluído.

Altos Papos


Via Se Liga.

Blogosfera Econômica?

O Joselmar fechou o Blog dele e o Léo do Gustibus também desistiu. Onde é que nós vamos parar...

quarta-feira, maio 10, 2006

Demorou

CPI 18: Silvinho dispensa ajuda do PT para pagar advogado

18h10 — O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, o Silvinho, afirmou nesta quarta-feira que não precisa mais da ajuda do partido para pagar o seu advogado. Até o início desta semana, apesar de ter se desfiliado do PT há quase um ano, o partido bancava o advogado criminalista Arnaldo Malheiros, que se afastou do caso, após a entrevista publicado pelo jornal O Globo. Malheiros, segundo Pereira, alegou que não podia continuar com ele devido a conflito de interesse. O próprio Malheiros indicou para Pereira o colega Iberê Bandeira de Melo, que o acompanhou nesta quarta-feira durante o depoimento. “Não preciso que ninguém pague meu advogado”, afirmou. Disse que a sua família vai se juntar para ajudar a custear aos gastos com a sua defesa.

Figuras Bonitas




Todas de Maurits Cornelis Escher, um mestre da ilusão de ótica, que descobri por acaso num livro aqui em casa.

Vc Conhece ISTVÁN MÉSZÁROS ?

Guillermo posta uma

entrevista com um dos principais provocadores da atualidade...

"a solidariedade não é um postulado idealizado, mas um poderoso princípio prático que guia e enriquece as relações humanas ainda hoje"

"Naturalmente, levou muito tempo para que eu entendesse completamente porque uma ordem tão brutalmente desigual se constituiu na forma como hoje a sociedade se apresenta; mas compreendi também que existem as necessárias e socialmente sustentáveis – bem como humanamente justificáveis – alternativas correspondentes"

"o autêntico pensamento crítico nunca se extingue, por mais que os interesses ocultos tentem impor conformidade universal"

"As formas e instituições tradicionais da política, inclusive os partidos políticos e o Parlamento, já não são capazes de assegurar nos seus próprios domínios os requisitos reprodutivos do sistema do capital"

"os ideólogos do sistema continuem a recitar em voz alta, e no escuro, o credo de que “não existe alternativa”"

"os ‘neocons’ nos Estados Unidos, continuam a fantasiar que a solução da crise está na imposição ubíqua, por meios militares, das formas mais autoritárias de governo propostas abertamente"

"Na presente conjuntura, de transformações históricas de longo alcance, as potenciais implicações do avanço da esquerda na América Latina, nas nossas previsões “globalizantes”, são universais, muito além das fronteiras do continente.O que decide essas questões é o ‘componente social’ das mudanças que seguem o sucesso político, e não uma vitória eleitoral, mesmo que pareça espetacular à primeira vista. Isso explica porque o presidente Hugo Chávez fala inequivocamente sobre a dura alternativa do “socialismo ou barbárie” e sobre a necessária ‘ofensiva’ para derrotar as forças da barbárie. "

"a fase de dominação semicolonial dos Estados Unidos sobre a América Latina está sendo derrotada em todo o continente."

"necessária solução passa pela formação de uma ‘estrutura unificada’, que surgiu com Bolívar no horizonte histórico da América Latina há quase dois séculos."

Leia na íntegra:

ENTREVISTA - ISTVÁN MÉSZÁROS
Avanço da esquerda na AL pode barrar semicolonialismo dos EUA
Criação de iniciativas de cooperação como a Alba serviria de exemplo para outras regiões do planeta, diz Mészáros, um dos maiores marxistas vivos, que vem ao país para o lançamento de “A teoria da alienação em Marx" e do 7º número da revista Margem Esquerda, na quarta (10), às 19 horas, na USP. Na ocasião, ele proferirá uma conferência gratuita. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista, cuja íntegra será publicada na Margem Esquerda.
Ivana Jinkings* – Especial para a Carta Maior
István Mészáros é um marxista obstinado. Para ele, passar da defensiva à ofensiva é uma exigência do tempo em que vivemos, pois a única alternativa à barbárie é o socialismo. Autor do clássico “Para além do capital”, esse pensador criativo se impõe com uma obra que não faz concessões, não recusa a polêmica – como reza a boa tradição de sua estirpe. É respeitado mundo afora como exemplo de radicalidade – seus escritos ultrapassam, ano a ano, os muros da academia e dão mostras de espantosa vitalidade –, e sua história de vida fala por si.Nascido em Budapeste no dia 19 de dezembro de 1930, estudou no Liceu Clássico e começou a trabalhar já aos doze anos, primeiro como operário numa fábrica de aviões de carga e depois em vários outros empregos, até terminar a escola. Em 1949, graças a uma bolsa e por ter se formado com notas máximas, entrou para a Universidade de Budapeste como membro do Eötvös Collégium, a Escola Normal Superior húngara, de onde quase é expulso seis meses depois por ter defendido publicamente Georg Lukács. Foi salvo pela congregação da escola, que rejeitou a moção de expulsão proposta pelo diretor, e graduou-se em Filosofia, com honras.
Em 1950, reagindo à censura da encenação, no Teatro Nacional, do clássico da literatura húngara “Csongor és Tünde” (1830), de Mihály Vörösmarty – condenado pela sua “aberração pessimista” –, escreveu um minucioso estudo em defesa da obra. Publicado no mesmo ano, em dois números consecutivos da revista literária “Csillag”,o ensaio recebeu o prêmio Attila József em 1951, o que resultou na reincorporação da obra de Vörösmarty ao repertório do Teatro Nacional. A leitura desse estudo fez ainda Lukács nomear Mészáros seu assistente no Instituto de Estética da Universidade de Budapeste. Entre 1950 e 1956, como membro da Associação de Escritores Húngaros, Mészáros participou ativamente dos debates culturais e literários da época. Sobre esse período escreveu o livro “A revolta dos intelectuais na Hungria”, publicado pela Einaudi (1958) e, em 1956, seu ensaio “O caráter nacional da arte e da literatura” foi escolhido como tese central da reunião plenária do Círculo Petőfi, a ser presidida pelo compositor húngaro Zoltán Kodály. Nesse mesmo ano editou a revista semestral da Academia de Ciências, “Magyar Tudomány”, e a revista mensal “Eszmélet”, fundada por intelectuais como o pintor Aurél Bernáth, o novelista Tibor Déry, o poeta Gyula Illyés, Zoltán Kodály e Lukács. Lukács, desde 1951 amigo próximo de Mészáros – foi, inclusive, padrinho do seu casamento com Donatella –, designou o assistente como seu sucessor na universidade e lhe pediu que assumisse as aulas inaugurais sobre estética, o que Mészáros fez até abandonar o país (após o levante de outubro de 1956). Apesar do afastamento físico, esses dois grandes nomes do marxismo dos séculos XX e XXI mantiveram contato estreito e uma extensa correspondência até a morte de Lukács, em 1971.Depois de deixar a Hungria, Mészáros trabalhou na Universidade de Turim, na Itália, e, a partir de 1959, na Grã-Bretanha, ministrando aulas inicialmente no Bedford College da Universidade de Londres (1959-1961), em seguida na Universidade de Saint Andrews, na Escócia (1961-1966), e mais tarde, na Universidade de Sussex, em Brighton, na Inglaterra (1966-1971).
Em 1971, lecionou na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) e, em 1972, foi nomeado professor de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade de York, em Toronto, no Canadá. Em janeiro de 1977 retornou à Universidade de Sussex, onde, em 1991, recebeu o título de Professor Emérito de Filosofia. Permaneceu nessa universidade até 1995, quando se afastou das atividades docentes, e atualmente vive em Rochester, a uma hora de Londres. Além do prêmio “Attila József” por seu estudo sobre Vörösmarty, em 1970 Mészáros recebeu o prêmio Memorial Isaac Deutscher por “Marx: a teoria da alienação”, e, em 1992 e 2005, o prêmio “Lukács”, na Hungria. Em 1995, Mészáros foi eleito membro da Academia Húngara de Ciências, e em fevereiro 2006 recebeu o título de Pesquisador Emérito da Academia de Ciências Cubana.É autor de extensa obra: “Satire and reality” (1955); “La rivolta degli intelletuali in Ungheria” (1958); “Attila József e l’arte moderna” (1964); “Marx’s theory of alienation” (1970) [ed. bras.: “A teoria da alienação em Marx”, 2006 (1)]; “Aspects of history and class consciousness” (1971); “The necessity of social control” (1971); “Lukács’ concept of dialectic” (1972); “Neocolonial identity and counter-consciousness: essays in cultural decolonization” (1978); “The work of Sartre: search for freedom” (1979); “Philosophy, ideology and social science” (1986); “The power of ideology” (1989) [ed. bras.: “O poder da ideologia”, 2004]; “Beyond capital” (1995) [ed. bras.: “Para além do capital”, 2002]; “Socialism or barbarism: from the “American century” to the crossroads” (2001) [ed. bras.: “O século XXI: socialismo ou barbárie?”, 2003]; e “A educação para além do capital” (2) (2005).Na entrevista que concedeu à “Margem Esquerda” (3), às vésperas de vir ao Brasil para o lançamento de “A teoria da alienação em Marx”, esse filósofo generoso, de voz mansa – porém radical e firme em suas posições –, fala sobre sua trajetória, sobre o papel dos intelectuais, sobre o poder transformador da educação, sobre o avanço da esquerda na América Latina e, principalmente, sobre como seguir lutando para romper a camisa-de-força da lógica do capital (e a enfrentar os desafios da transição), rumo à emancipação humana.
IVANA JINKINGS – Comecemos pela sua infância. Ainda menino, na Hungria, você trabalhou numa indústria de aviões de carga. Filho de mãe também operária, sua origem e essa experiência parecem ter sido decisivas em sua formação.
ISTEVÁN MÉSZÁROS – Sem dúvida foram. Meu avô paterno foi um mineiro que morreu tragicamente na mina de carvão onde trabalhava, em acidente causado pela negligência criminosa dos proprietários e gerentes com os equipamentos de segurança, a exemplo do que continua ocorrendo em muitas partes do mundo. Essa lembrança sempre esteve presente em minha família. Além disso, os anos da minha infância coincidiram com a “grande crise mundial de 1929-33” e as suas conseqüências. Viver aqueles anos resultou certamente numa inesquecível experiência para todos os que foram jogados no caos dessa brutal crise.Minha atuação na fábrica de aviões de carga foi apenas a primeira das muitas que exerci, por exemplo, na fundição de aço em uma fábrica de tratores, em duas diferentes funções em fábricas têxteis (uma delas em um galpão gigantesco e ensurdecedor, com duzentas máquinas em operação), no pós-guerra, e no departamento de manutenção de uma ferrovia elétrica, que demandava o trabalho mais pesado de todos. Ao mesmo tempo, a solidariedade compartilhada entre as pessoas nesses diferentes locais de trabalho foi uma experiência comovente e compensadora. Uma compensação necessária para as privações e dificuldades que os trabalhadores, entre os quais, eu mesmo, por algum tempo, tiveram de enfrentar. Sempre que escrevo sobre a necessidade vital de solidariedade em qualquer sociedade viável do futuro, sem a qual a sobrevivência da espécie humana é inconcebível, eu o faço com a certeza de que a solidariedade não é um postulado idealizado, mas um poderoso princípio prático que guia e enriquece as relações humanas ainda hoje.O que aprendi em minha variada experiência laboral facilitou meu comprometimento com a visão de uma ordem mundial muito diferente, que precisamos ter como alternativa à nossa presente sociedade. Não aprendi sobre as condições de vida da classe trabalhadora por meio dos livros, eu as vivi diretamente e de muitas formas. Assim como não aprendi nos livros a total insustentabilidade da desigualdade feminina – sobre a qual discuti no capítulo 5 de ‘Para além do capital’. Era suficiente comparar o meu pagamento, de um trabalhador muito jovem, com o da minha mãe, que recebia menos apesar de realizar um trabalho muito mais qualificado. Esses “fatos da vida” foram tão óbvios que era impossível ignorá-los ou esquecê-los. Pelo contrário, eles se tornaram orientações sobre meu modo de pensar todas as questões maiores. Percebi cedo que o mundo social, organizado com base nas desigualdades que presenciei diretamente, não poderia ser justificável nem sustentável. Naturalmente, levou muito tempo para que eu entendesse completamente porque uma ordem tão brutalmente desigual se constituiu na forma como hoje a sociedade se apresenta; mas compreendi também que existem as necessárias e socialmente sustentáveis – bem como humanamente justificáveis – alternativas correspondentes. Essa é a maneira pela qual uma experiência formadora mais ou menos difícil se torna, para melhor ou pior, uma parte orgânica do próprio modo de pensar e escrever.Talvez valha mencionar que o modo pelo qual os intelectuais definem suas posições nos seus escritos depende em grande medida da dinâmica da confrontação histórica em curso entre o capital e o trabalho. Como sabemos pelas experiências históricas passadas, evidências de um maior radicalismo no movimento trabalhista, denunciando as contradições da sua vida, agravadas sob o governo do capital, são seguidas por intelectuais tradicionais, que também tendem a assumir uma posição mais combativa. E, vice-versa, quando o trabalho é forçado a assumir uma postura mais defensiva, muitos intelectuais se tornam introvertidos, evasivos e desorientados. O lamentável conto da pós-modernidade oferece uma boa ilustração dessa matéria. Mas, indicar essa conexão objetiva não significa justificar as suas conseqüências negativas. Se tomarmos seriamente “a responsabilidade dos intelectuais”, não poderia haver justificativa para a omissão. Sobre isso, Julien Benda escreveu, em meados dos anos 1920, um poderoso panfleto intitulado “La trahison des clercs”, igualado em intensidade ao ‘J’accuse’, de Zola, no caso Dreyfus. Em 1951, Benda visitou a Hungria e tive o privilégio de conhecê-lo em casa de Lukács. Nas últimas três décadas, relembrei muitas vezes esse encontro e sua nobre resistência exposta aos colegas acadêmicos no “La trahison des clercs”. Para todo intelectual crítico, é fundamental ter um papel na transformação social positiva, da qual necessitamos tão urgentemente. Eles não podem abdicar desse papel, mesmo quando parece haver alguma circunstância atenuadora. O desafiador panfleto de Benda é um persistente lembrete disso que ainda nos afeta, a todos.
IJ – Fale mais sobre seus principais interlocutores, sobre Lukács e outros intelectuais que o influenciaram nessa fase.
IM – Fui criado em Budapeste, onde o desenvolvimento cultural – especialmente no que se refere às relações estreitas entre a literatura criativa e o pensamento social e político – era muito especial, talvez único. Isso porque os maiores e mais radicais poetas da nossa literatura nacional, como Sándor Petőfi, Endre Ady e Attila József (4), eram também os mais profundos e abrangentes pensadores húngaros de sua época. Nos seus apaixonados escritos líricos, tanto quanto em suas reflexões teóricas, eles trataram dos mais desafiadores temas da sociedade na sua perspectiva histórica, oferecendo soluções revolucionárias, elevada e abrangentemente perspicazes, capazes de resistir ao teste do tempo. Não surpreendentemente, Heinrich Heine, amigo de Marx, escreveu que sentiu uma enorme pressão de sua própria “camisa-de-força alemã” quando leu a poesia de seu grande contemporâneo húngaro, Sándor Petőfi. Nesse sentido, não surpreendente que, em 1956, quando os problemas vitais da necessária reconversão anti-stalinista e a correspondente transformação socialista da Hungria eram debatidas em público, com a participação de muitos milhares de pessoas, o nome dado ao fórum onde ocorriam esses debates fosse Círculo Petőfi.O papel especial desempenhado pelos poetas mais eminentes na cultura húngara, incluindo nela o campo da teoria, ajuda a explicar por que o ídolo intelectual e político do jovem Lukács era ninguém menos que seu contemporâneo mais velho, Endre Ady. Lukács me contou da alegria de ser apresentado a Ady, em seu bar favorito, por um amigo que, antes da I Guerra Mundial, havia pintado um belo retrato daquele que foi o maior poeta húngaro e o crítico mais devastador da insustentável situação socioeconômica e política do país (5). Em um de seus poemas, Ady criou a frase profética que se provou dramaticamente real alguns anos mais tarde: “Estamos nos precipitando para a revolução”. Dessa realidade Lukács participou ativamente como ministro da Cultura e, na fase final da revolução, como comissário político de uma das divisões militares.Duas gerações depois, pouco antes do início da II Guerra Mundial, minha maior experiência intelectual e política foi o encontro com a poesia e conseqüentemente com os escritos teóricos de Attila József. Ele continuou sendo o meu mais amado professor e companheiro desde aqueles dias. Espero e acredito que ele se tornará mais conhecido no futuro, também no Brasil, porque seu trabalho nos fala vigorosamente, mesmo hoje – sessenta e nove anos após a sua morte –, sobre os desafios a enfrentar sempre que tentarmos confrontar os problemas fundamentais das nossas arriscadas condições históricas. Seus escritos provocaram em mim um profundo sentimento de concordância, porque reconheci neles muitos aspectos e episódios da minha experiência de vida, mas elevados ao nível da intensidade existencial, capazes de atenuar os seus significados e dentro dos mais amplos desafios das transformações sociais atuais. Aqueles eram os anos da catastrófica conquista do terreno histórico por Hitler e seus cúmplices, e ninguém conseguiu situar esses eventos com maior perspicácia do que József. O fato de sua poesia repercutir tão universalmente ainda hoje, com a justificável dor e esperança dos nossos tempos, deu-se graças à “continuidade na descontinuidade”, da qual József era e permanece sendo o maior visionário. Meu cuidadoso e não sistematizado estudo dos textos filosóficos começou no último ano da guerra, quando tive a chance de ler alguns trechos escritos por Marx, Engels, Kant e Hegel. A mudança qualitativa dessa leitura ocorreu quando, no início de 1946, descobri em uma livraria uma coletânea de ensaios críticos de Lukács. Eles tratavam de algumas das maiores figuras e temas da literatura húngara, com os quais eu já estava familiarizado, oferecendo-me um óbvio ponto de contato. Um deles era intitulado “Ady, o maior cantor da tragédia húngara”, outro se denominava “Combate ou capitulação”, e todos os temas principais estavam condensados no último ensaio do volume, “A responsabilidade dos intelectuais”. Eles representaram uma revelação para mim, porque nunca tinha lido antes uma análise de textos literários – totalmente contextualizados e iluminados pelas suas relevantes conexões históricas e filosóficas – como foram apresentados graficamente nesses escritos. Além disso, a principal mensagem desse volume, insistindo com paixão na responsabilidade dos intelectuais, tocou-me diretamente. Após o término da leitura desses ensaios de crítica político-literária, comprei todos os livros de Lukács disponíveis em húngaro e me dediquei a um intenso estudo, não apenas das suas análises estéticas e filosóficas, mas também do amplo material literário e teórico ao qual ele se referia em sua discussão crítica. Foi assim que decidi que Lukács seria o intelectual militante com quem eu gostaria de estudar e trabalhar no futuro.
IJ – Você tem dito que da forma como estão hoje as coisas, a tecnologia e a ciência – estreitamente limitadas pelas determinações fetichistas do capital – são usadas também para aumentar a insegurança do trabalho, ao lançar massas de trabalhadores no desemprego.
IM – É o ‘downsizing produtivo’ em nome do “avanço tecnológico”. Assim o sujeito humano real fica à mercê de determinações desumanas nesse mundo louco do ‘downsizing’, em que a tecnologia parece ter assumido uma forma independente de vida, com vontade própria e poder incontestável de tomada de decisão. E, em vista das conseqüências destrutivas, não resta dúvida quanto à desejabilidade da tomada do controle sobre a ciência e a tecnologia capitalisticamente alienadas. [Jürgen] Habermas fantasia sobre o que denomina de “‘cientização’ da nossa tecnologia”. A situação real é exatamente o contrário. Pois, durante o último século do desenvolvimento produtivo do capital, o que se viu só pode ser caracterizado como a crescente ‘tecnologização da ciência’, diretamente determinada pela intensificação das contradições do sistema e, ao longo da quatro últimas décadas, pela sua crise estrutural. Por isso, é imperativo que se assuma o controle sobre as forças que hoje parecem obedecer a uma lógica independente própria, de caráter ‘hostil’ e de impacto destrutivo claramente visível.A sociedade de produtores livremente associados não pode abraçar a ilusão insistentemente promovida de que o “pequeno é bonito”, com sua tecnologia igualmente ilusória. Esse princípio orientador não é mais realista do que esperar a reforma do capitalismo pela adoção do imposto Tobin (6). A sociedade tem de produzir o mais alto nível de tecnologia criativa para ter sucesso na satisfação das aspirações legítimas das grandes massas. E há de ser assim que a sociedade vai passar das restrições mutilantes e das limitações avarentas da exploração capitalista do tempo de trabalho para a riqueza que flui da organização da reprodução social sobre a base do ‘tempo disponível’ de seus indivíduos. Somente com esse tipo de estrutura social reprodutiva se poderá fazer desaparecer do quadro a hostilidade da tecnologia. Não há dúvida quanto à necessidade de “derrubar” as cercas protetoras do capital se quisermos transformar nossa relação inevitável, ainda que hoje desumanizadora e escravizadora, com a tecnologia numa outra sustentável.
IJ – De que forma isso pode ser feito? Como construir uma alternativa de esquerda?IM – Com o “coração animado” e uma firme determinação. Conforme já se enfatizou antes, o autêntico pensamento crítico nunca se extingue, por mais que os interesses ocultos tentem impor conformidade universal. Não há possibilidade de esses esforços prevalecerem; nem mesmo sob as condições de uma ditadura militar resultante de crise importante, como pode atestar o povo brasileiro. Isso não se deve a alguma vaga obrigação moral, mas ao fato de a repressão permanente das vozes críticas entrar em conflito com os requisitos reprodutivos do sistema do capital. Sob determinadas condições históricas elas podem ser suspensas, mas em hipótese alguma permanentemente. Está longe de ser acidental que, com o passar do tempo, os estados de emergência impostos pelas ditaduras militares gerem suas próprias crises, trazendo consigo a reconstituição da “normalidade” capitalista, com suas tradicionais “regras do jogo” e as correspondentes instituições políticas. Mais uma vez, os brasileiros conhecem bem essas mudanças.O grande desafio do nosso tempo, portanto, é descobrir como ‘ampliar significativamente a margem do pensamento crítico’. Vivemos sob as condições da crise estrutural do capital e simultaneamente com a ‘crise estrutural da política’. As formas e instituições tradicionais da política, inclusive os partidos políticos e o Parlamento, já não são capazes de assegurar nos seus próprios domínios os requisitos reprodutivos do sistema do capital. O fato de terem sido privadas de seus antigos poderes de tomada de decisão, em virtude da profunda crise estrutural da ordem social metabólica estabelecida, não resolve coisa alguma. Apenas enfatiza a total inviabilidade das condições prevalentes, ainda que, para se armarem de coragem, os ideólogos do sistema continuem a recitar em voz alta, e no escuro, o credo de que “não existe alternativa”. Ao mesmo tempo, os mais implacáveis, como os ‘neocons’ nos Estados Unidos, continuam a fantasiar que a solução da crise está na imposição ubíqua, por meios militares, das formas mais autoritárias de governo propostas abertamente. Não foram capazes nem de entender o significado dos requisitos reprodutivos do capital, muito menos de admitir que seu “remédio” está em nítido desacordo com esses requisitos.O Estado, apesar de seu papel crucial para a sobrevivência do sistema, não é de forma alguma uma ‘entidade homogênea’. Pelo contrário, é cheio de contradições. Se o Estado pudesse se transformar numa entidade homogênea, não haveria espaço para o pensamento crítico. Assim, seriam sombrias as perspectivas de uma solução viável para a crise estrutural de nossa ordem social. Mas a conflituosidade irreprimível das relações manifesta no funcionamento estatal oferece também ‘alavancagem’ para desenvolvimentos positivos possíveis. Ao longo do século passado – para ser mais preciso, desde o surgimento do imperialismo moderno – a subserviência do Estado às grandes corporações aprofundou-se, resultando na defesa ativa de relações socioeconômicas cada vez mais iníquas. Sob esse aspecto, vale lembrar que depois da Segunda Guerra Mundial os governos formados pelos partidos social-democratas proclamaram orgulhosamente a política de "tributação progressiva" e a diminuição da desigualdade social implícita nessa política. Ironicamente, não somente eles não conseguiram cumprir suas promessas, mas o que vimos na verdade foi exatamente o contrário do que foi alardeado..IJ – Na sua opinião, existe alguma possibilidade de melhoria sem uma mudança radical da forma como hoje reproduzimos nossas condições de existência?
IM – Não. A matriz das aspirações de emancipação não pode em hipótese alguma estar no sistema do capital. Se estivermos seriamente interessados na realização completa do mandato emancipador, com suas dimensões formais e informais, teremos de imaginar uma ordem metabólica social da qual se removam todas as determinações e defeitos incorrigíveis do capital. Evidentemente é preciso ter em conta o fato de que são necessários muitos passos até que se chegue àquele estágio, e que eles não podem ser dados num futuro hipotético. É preciso começar imediatamente, no presente, assumindo o controle das alavancagens e mediações práticas pelas quais deve passar o progresso, desde o presente realmente existente até o futuro esperado.
É fundamental ter uma boa avaliação das nossas forças e recursos, tal como definidos pelas restrições do presente e pelas mediações mais ou menos limitadas ao nosso alcance. Mas nem mesmo um progresso reduzido será possível se não tivermos uma estrutura estratégica de orientação: um ‘objetivo geral’ que pretendemos atingir. O convite a se deixar orientar pela defesa estratégica da “mudança gradual” pode superficialmente parecer tentador. Mas na realidade essa proposta é enganadora e desorientadora, pois tende a permanecer cega se não se integrar numa estrutura estratégica abrangente, o que equivale a cancelar a nossa autodefinição retórica e geradora de slogans. IJ – Como você avalia o recente avanço da esquerda na América Latina? Seria uma tendência real no continente?IM – Acredito que é uma tendência em desenvolvimento concreto, de verdadeira e grande importância. Na presente conjuntura, de transformações históricas de longo alcance, as potenciais implicações do avanço da esquerda na América Latina, nas nossas previsões “globalizantes”, são universais, muito além das fronteiras do continente.Da mesma maneira, tenho plena convicção de que a globalização capitalista não pode ser mantida, apesar de todos os esforços econômicos, políticos e propagandísticos investidos nela.
Quando falamos sobre as esperançosas perspectivas do avanço da esquerda na América Latina, não podemos exagerar a importância de alguns êxitos eleitorais, os quais são anulados por infelizes reveses no terreno socioeconômico e político, confirmando assim o ditado francês “plus ça change, plus c’est la même chose”. Para isso, podemos apontar no passado recente algumas muito dolorosas decepções em mais de um país latino-americano. Ou seja, dadas as condições da globalização necessária, essas conquistas da esquerda somente podem ser consideradas potencialmente duradouras, o que poderia ser ‘generalizado’ no curso correspondente, isto é, ‘sustentável socialmente, como uma alternativa viável em escala global adequada’.O que decide essas questões é o ‘componente social’ das mudanças que seguem o sucesso político, e não uma vitória eleitoral, mesmo que pareça espetacular à primeira vista.
Isso explica porque o presidente Hugo Chávez fala inequivocamente sobre a dura alternativa do “socialismo ou barbárie” e sobre a necessária ‘ofensiva’ para derrotar as forças da barbárie.A articulação e a consolidação das forças da esquerda na América Latina trariam, obviamente, conseqüências imensas para os Estados Unidos e, inevitavelmente, para o resto do mundo. Eu cultivo essa esperança desde 1971, quando tive a oportunidade de conhecer melhor as condições de muitos países latino-americanos ao lecionar, pela primeira vez, na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Desde então, aconteceram muitas coisas e, de fato, mais recentemente em uma direção positiva. A fase de dominação semicolonial dos Estados Unidos sobre a América Latina está sendo derrotada em todo o continente. A necessária solução passa pela formação de uma ‘estrutura unificada’, que surgiu com Bolívar no horizonte histórico da América Latina há quase dois séculos. Onde no mundo podemos encontrar um projeto histórico mais válido e mais profundamente enraizado a esse respeito? A criação de uma unidade de trabalho – por meio da Alba (Alternativa Bolivariana das Américas) e de outras substanciais iniciativas de cooperação – não seria efetiva apenas em barrar a continuidade dos esforços neocoloniais norte-americanos, mas também um exemplo para outras regiões do planeta, nas quais a necessidade de cooperação concreta, com um declarado conteúdo socialista, é igualmente grande. É assim que os avanços da esquerda na América Latina podem se tornar generalizáveis no curso correspondente, como um elemento vital para uma mudança histórica duradoura.
NOTAS
1 - Obra que a Boitempo agora publica, em nova tradução. A primeira edição brasileira foi da Zahar, em 1981, com o título Marx: a teoria da alienação.2 - A primeira publicação em livro desse ensaio, originalmente escrito para a conferência de abertura do Fórum Mundial de Educação de 2004, foi da Boitempo, responsável também pelas demais edições brasileiras citadas.3 - Traduzida e editada com a colaboração de Rodrigo Nobile e Maria Orlanda Pinassi.4 - Sándor Petőfi (1823-1849); Endre Ady (1877-1919), sobre quem Lukács escreveu artigos em sua juventude; Attila József (1905-1937), membro do PC na ilegalidade, suicidou-se aos 32 anos,5 - Uma interessante passagem a esse respeito é relatada em Pensamento vivido, um esboço autobiográfico de Georg Lukács, publicado em Ad Hominem (Viçosa, UFV, 1999), p. 41.6 - Imposto criado pelo prêmio Nobel de Economia, James Tobin, para a taxação de transações financeiras em benefício de um fundo internacional de combate à pobreza.

Disponível em: http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=10808&editoria_id=6

terça-feira, maio 09, 2006

Clipping

- O Joselmar mostra como o numero de comentários é inversamente proporcional ao tamanho do Post.

- O Olavo de Carvalho consegue mais uma vez relacionar o Foro de São Paulo com as atitudes do Lula, e o pior é que ele tem razão, é a "Traição Anunciada".

- Um dos meu autores favoritos, o Reinaldo Azevedo está doente, meus sinceros desejos de melhoras para ele.
Por sinal a Revista este mês parece estar ótima, com Contardo Calligaris na capa.

- O Gustibus anda cheio de idéias, e nós recorda da existência de blogs de primeira linha; o Freakonomics o HappinesPolicy e o do David Friedman.

- Ando meio sem tempo pra atualizar o Blog, os visitantes tradicionais andam sumindo com a falta de regularidade dos posts. Já os que encontram o Blog pelo Google só querem saber dos posts sociológicos de Boxel.

sábado, maio 06, 2006

Ex-secretário do PT revela plano de juntar R$ 1 bi via Valério

Foi Silvinho "Land Rover" que falou.

Quinta passei mais de uma hora conversando com um colega da faculdade explicando a diferença na motivação de roubar entre o PT e os ACM, Sarneys da vida... Enquanto um rouba por um ideal, por um partido o outro rouba pro próprio bolso.
Daí o porque da montagem de um esquema de corrupção envolvendo tantas pessoas, ao invés de um negócio escondidinho.
Uma coisa interessante, Boxel, é que a Primeira Leitura fez pouquíssimo alarde do acontecido, no estilo daqueles cartazes; "Eu já Sabia". André

Naomar foi reeleito reitor da Ufba


Com 56% do votos válidos, mas o que eu queria saber era o resultado parcial da FCE-UFBA. André

Esportes

Via Gustibus, uma base de dados do IBGE sobre o esporte nos municípios. Pra quem curte Sportometrics.

Quanto ao futebol baiano, têm duas monografias em fase de produção lá na FCE-UFBA, ambas investigando o porque do Bahia e Vitória terem se tornado clubes tão ruins. A do Rodrigo Coelho enfocando a questão do clube-empresa e a de Murilo enfocando o Duopólio na disputa pela renda dos torcedores da capital.
Eu continuo achando possível a criação de um terceiro clube em Salvador, eventualmente poderia até escrever um artigo provocador sobre isso para apresentar em algum lugar.
Bem no estilo de um que o Marcus Alban escreveu dizendo que a capital da Bahia deveria ser transferida para o centro do Estado. André

sexta-feira, maio 05, 2006

A Bolívia de novo

Do Blog do Claudio Humberto:

Lula é tão bonzinho...
A Bolívia mora no coração do presidente: em julho de 2004 perdoou a dívida de US$ 52 milhões e garantiu crédito de US$ 600 milhões do BNDES ao então presidente Carlos Mesa para instalar termelétricas na fronteira.

Hoje eu vi uma faixa da CUT perto da FAUFBA em comemoração ao dia do trabalhador, dizia mais ou menos o seguinte: "Fora Bush, assassino, imperialista, do Iraque", e "viva o dia do trabalhador".

quarta-feira, maio 03, 2006

Monografia

Continuo procurando um tema alternativo ao carnaval para a monografia, o mais forte concorrente é uma analise econometrica de como algumas variáveis políticas afetam os municípios baianos, no estilo deste artigo.

Tem este artigo aqui que também é bom. Ambos encontrados graças ao Google Acadêmico.

Nacionalismo, só do lado de lá.

- Ver o Lula apoiar o nacionalismo do Evo Morales é interessante, pois o comportamento do presidente brasileiro deveria ser defender os interesses nacionais, né não?

- Na semana que o Brasil comemorou a auto-suficiência em petróleo, vai começar a faltar Gás. Afinal; "O petróleo é nosso mas o gás é deles".

- O amigo do Lula expropriando os brasileiros (porque a Petrobrás é nossa) e o Uruguai saindo do Mercosul, tudo acompanhado de pertinho pela diplomacia brasileira. É o Brasil ficando menor.

- A Petrobrás deveria ter incluído nos seus investimentos uma espécie de risco PT, mas como os petistas acham que isso não existe, deu no que deu.

- Via Gustibus, a pergunta Bônus: "Algum país do mundo é tão politicamente correto e bobo com nós?"