Nessas festas de fim de ano passei com a família de minha namorada no interior da Bahia, gastei mais de 4 horas no ônibus pra ir e outras tantas para voltar, então pensei num livrinho que fosse fácil pra ler no ônibus e me ajudasse na minha longa preparação pra prova da Anpec em outubro.
Decidi ler meu livro do colégio "História do Brasil", e fiquei impressionado com o viés esquerdista do livro, o nome do livro deveria ser "Interpretação Marxista da História Brasileira". Em diversas partes do livro os autores são tendenciosos, contando interpretações históricas polêmicas como estabelecidas, e sugerindo interpretações alternativas pra fatos consumados.
Vejam como os autores se referem ao populismo, de Vargas a João Goulart:
"Vimos também que tal política viabilizou a industrialização do país, servindo inclusive para desmobilizar os trabalhadores e submetê-los à tutela do Estado, que, agindo assim, defendia os interesses da burguesia."
Mas o mais impressionante é o que os autores escrevem no prefácio e na apresentação do livro, respectivamente:
"De fato, estes quinhentos anos assistiram a transformações mirabolantes, mas o que não tem mudado nestes cinco séculos é que a colônia, depois o país, funcionaram em favor de uma pequena minoria que esta no topo da sociedade e contra a imensa maioria da população."(o negrito é do texto original)
"Para os autores, este livro já terá valido a pena se conseguir estimular, entre vocês que estão estudando e que darão forma ao Brasil do futuro, algum debate sobre os problemas do Brasil atual, no sentido de trazer a maior participação política e de diminuir as escandalosas desigualdades do país."
Um comentário:
Hehe! Eu tenho esse livro também!
Quando eu era leigo em economia, eu aceitava tudo isso como verdade absoluta...
Hoje, com algum conhecimento de micro/macro, sei que boa parte da interpretação desse e de outros livros não passa de ponto de vista.
É válido e louvável escrever livros para expor pontos de vista.
Mas o travestimento desses de "livro-texto" é um crime intelectual.
De fato, isso é ainda mais verdade para ensino médio, no qual os alunos ainda não tem ferramentas acadêmicos construídas, de buscar uma segunda opinião (infelizmente a maioria dos estudantes nunca desenvolve uma postura acadêmica mesmo dentro da graduação universitária).
Eu sei que é impossível separar completamente teoria de opinião. Mas isso não significa que devemos tentar, para alcançar a maior separação possível.
Sinceramente, eu já li alguns livros de Hobsbawm e acho que ele faz exatamente essa separação, na medida do possível.
Depois você tem um presidente que diz que a "juventude é de esquerda mas a maturidade não é mais esquerdista."
Ah, a maturidade...
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