(Fui responder ao comentário de Feijão, pra explicar o porquê do último parágrafo, e acabei escrevendo demais. Vou postando por aqui mesmo o resultado. O texto original é o de baixo pessoal, dêem uma olhada nele antes).
Veja o debate sobre os transportes Feijão, aconteceu um lance parecido e que elucida o motivo disso que eu disse no final.
O sindicato dos transportes recebeu de braços abertos a liderança da UNE e das suas instituições periféricas, acredito eu, por saber da moderação mais acentuada no seu discurso. Os militantes deste grupo, que envolvem de uma forma geral boa parte do PCdoB e correntes diversas de outros partidos, já demonstram um viés claro ao fechamento de acordos sem grande mobilização, além de uma ambição desmedida por cargos políticos para aumentarem sua gama de estratagemas eleitorais.
Se considerarmos agora a categoria dos donos das empresas como o representantes do "capital" sob a visão marxista se personificando nesta categoria específica de donos de empresa de transporte, endendemo-la também como portadora de um caráter naturalmente conservador tendo em vista a sua posição de privilégio econômico. Se for possível essa interpretação, fica claro como hoje em dia (não sei antes) o capital, além de prover através da "ideologia burguesa" a sua defesa política, investe ou propicia o aparecimento da ideologia que possivelmente a contestaria na sua livre iniciativa em impor circunstâncias impopulares. Afinal, é mais seguro e vantajoso pra ela, já que esse costume de sentar pra discutir tem sido tão louvado (como se o consenso fosse possível no nível de utopia em que se acredita, tendo em vistas os interesses diametralmente opostos).
Assim, parece claro que as estas empresas não financiaram ou se tornaram aliadas deste grupo que se intitula, sob uma rasoável oposição, "representante dos estudantes", mas com certeza já escolheram a liderança opositiva com quem irão negociar os próximos aumentos, daqui em diante: e são eles mesmo os favoritos da vez.
Isso evidentemente dificulta a legitimidade dos outros movimentos estudantis que se negam a entrar na negociação com um grau baixo de radicalismo nos seus discursos. Radicalismo que na verdade é padrão em qualquer reivindicação dessa natureza, porque quando se diz o que quer de início, se diz também até onde se permite entrar em acordo. E quem pede pouco propõe-se automaticamente a abrir mão de parte desse pouco. E mesmo eu acompanhei o pessoal da PCdoB lá na minha sala na faculdade já num clima de sentar pra discutir um aumento, embora menor do que o proposto, quando convidavam o pessoal para ir às ruas parar o trânsito.
Já a Conlute, do pessoal do PSTU, parte do P-Sol e grupos independentes ainda levantaram algumas manifestações depois do arcordão da UNE, mas não alcançaram um mímino respaldo público. Aos olhos de todos, os estudantes ja se decidiram. Ainda assim, eles apresentaram primeiramente a proposta de redução da tarifa, além de outros ganhos a serem integrados a pauta de benefícios.
Ora, mudando de exmplo, os caras-pintadas defendendo o PT...a mesma coisa. Se todos achavam que o Lula estava com medo de os estudantes se pintarem de novo para retirá-lo do planalto como Collor, tiveram uma surpresa: os caras-pintadas foram às ruas, mas para defender o PT. Só que nesse caso não foi tão fácil assim pro Lula.
É por isso que eu acho que as Igrejas já estão fazendo algo parecido. Investindo em Filosofia para formar intelectuais capazes de superar ou falsear os argumentos da maioria da categoria científica, que despresa as suas argmentações dogmáticas. Se consideramos ainda outros movimentos religiosos que lucram muito com suas pregações, e portanto são quase empresas capitalistas, poderíamos enquadra-las numa mesma análise com as empresas de transporte, enxergando a atividade semelhante que estão desenvolvendo.
Entendo essa tendência como um movimento que pode estar crescendo se ampliando nas instituições sociais modernas. E formando, como se diz por aí, os "SUPERPELEGOS".
Rodrigo Lessa
4 comentários:
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Cheers
Aí ó Feijão, esse "Cheers" curtiu meu texto. Eu só não entendi a relação que ele fez aí com a lingerie, mas ainda assim ele gostou bastante.
hehehehe, eu vou dar um jeito nesses caras.
Veja bem boxel, a parte inicial do texto (filo + teo = teo) eu concordo plenamente, deve ser o mesmo curso com diferentes enfases, assim como ocorre com ADM.
Mais eu não vejo nessa "jogada", uma tentativa de escolher os argumentos (ou o adversario) contrários a causa para melhor respondê-los ou para melhor negociar ou pra fazer uma sintese melhor...
Eu não sei se dá pra fazer a comparação pq religião é uma batalha exclusivamente ideologica enquanto os casos citados são brigas politicas com baixo teor ideologico (qual a ideologia do Pcdob?) nas quais as verdades são relativas (1,70 é caro ou barato?, exite ou não um golpe das elites?).
Por sinal o relativismo é o grande inimigo da igreja católica (o convento é católico).
andre
Minha intenção não foi tanto de dizer que eles estão formando intelectuais capazes driblar os argumentos da filosofia moderna (me enganei nesse ponto), porque isso eles podem fazer estudando filosofia livremente.
Eu pensei mesmo foi na idéia de que eles poderiam formar filósofos em condição de fomentar uma leve e despretenciosa oposição às próprias idéias religiosas, sem intenção de desmenti-las totalmente. Apenas fazendo o jogo do "debate aberto e sincero". Mas nem disso eu estou certo mais...na verdade, estou me convencendo de que isso não faz parte da realidade religiosa. Você já imaginou uma igreja pondo seus dogmas em discussão, ainda que falsa? Ela só faria isso se quisesse desaparecer: ninguém vai depositar fé em algo discutível.
Uma coisa, no entanto, me parece clara: tendo filósofos formados à disposição da doutrina religiosa, poderiam surgir referências teóricas novas de maior profundidade teórica imbuídas em afirmar esta visão dogmática. Isso aconteceu no passado e, acredito eu, não é tão improvável de acontecer no presente.
Eu ainda ando intrigado com a intenção desse pessoal em ministrar esses cursos. Porque, além de lançá-los, fazem uma divulgação igualzinha a de uma faculade particular convencional.
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