quinta-feira, agosto 31, 2006

Nova Sociologia Econômica

"Entre Deus e o diabo: mercados e interação humana nas ciências sociais"
Artigo de Ricardo Abramovay - "Tempo Social", revista de sociologia da Universidade de S. Paulo (Nov. 2004, vol.16, no.2, p.35-64)

«A principal característica da Nova Sociologia Económica, que ganha prestígio crescente nos Estados Unidos e na Europa, é estudar os mercados não como mecanismos abstractos de equilíbrio, mas como construções sociais. Esta orientação, longe, entretanto de opor-se aos procedimentos da ciência económica é também partilhada por alguns dos seus mais importantes expoentes. É bem verdade que a economia contemporânea faz jus à reputação tão difundida de ciência cinzenta, mecânica e incapaz de incorporar preceitos éticos nos seus pressupostos. Mas parte importante e cada vez mais significativa da disciplina volta-se justamente para o estudo de formas concretas de interacção social e coloca em dúvida as motivações puramente egoístas e maximizadoras postuladas axiomaticamente pela tradição neoclássica. Entre estas correntes destaca-se a Nova Economia Institucional, cujos temas são objecto também da Nova Sociologia Económica. Apesar das suas diferenças de abordagem, ambas contribuem para evitar que os mercados sejam encarados como soluções mágicas para todos os problemas sociais ou como formas diabolizadas de interação que a emancipação humana acabará um dia por suprimir.
[...]
«Mas os mercados podem ser estudados também sob um outro ângulo, como estruturas sociais, ou seja, "formas recorrentes e padronizadas de relações entre actores, mantidas por meio de sanções" (Swedberg, 1994). Neste caso, a sua compreensão faz apelo à subjectividade dos agentes económicos, à diversidade e à história das suas formas de coordenação, às representações mentais a partir das quais relacionam-se uns com os outros, à sua capacidade de obter e inspirar confiança, de negociar, fazer cumprir contratos, estabelecer e realizar direitos. Aqui os atributos serão muito mais particularizados, obtidos por métodos fundamentalmente indutivos e apoiados, sobretudo na recomposição de narrativas históricas. A racionalidade dos actores pode ser condição necessária, mas nem de longe suficiente para a acção, pois a conduta dos indiví­duos e dos grupos só se explica socialmente: a racionalidade, para usar a expressão de Victor Nee (2003) é "limitada pelo contexto" (context-bound), ou seja, influenciada por crenças partilhadas, por normas monitoradas e aplicadas por mecanismos que emergem das relações sociais. O estudo dos mercados como estruturas sociais enrai­za nos interesses dos indiví­duos, nas relações que mantêm uns com os outros e não supõe um maximizador abstracto, isolado, por um lado e a economia, por outro, como resultado mecânico da interacção social.»
Via Pura Economia.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Judeu=Sionista ?

É interessante perceber o fanatismo de alguns sionistas e a ingenuidade de alguns que acreditam no axioma: Judeu = Sionista. Seria interessante se perguntar: Será que existem Judeus contra a existência do Estado de Israel ?? Será que existem Judeus palestinos e anti-sionistas ??
Olhem a opinião destes aqui (tradução nossa):

LA HOJA de mancuso 7-8-06 Judeus Conscientes

A comunidade judia do Irã, ainda que pareça estranho ,vive tranquila num país muçulmano. Ela pediu às pessoas conscientes do mundo que parem o genocídio dos Sionistas israelenses, vejam um parágrafo: 'Os militares do Exército de Israel transgrediram todas as normas dos direitos humanos e do direito natural à vida pacífica entre as nações e os seres humanos com seus massacrescometidos contra mulheres e crianças em Qana e contra o povo libanes e palestino. Os judeus que acreditam no mundo Têm que manifestar sua repulsa a esses atos e exigir o fim das agressões' Os Judeus não são todos farinha do mesmo saco !!!

segunda-feira, agosto 28, 2006

Alguns Bons Blogs

Visitando a blogosfera brazuca encontrei:

O Rabiscos Econômicos, de um estudante de economia da UFRGS

O Duke of Hazard, de um economista gaúcho fazendo pós na Duke University

O Otambosi, que não sei oq faz da vida, mas tem umas sacadas ótimas.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Clipping

- Via Gustibus. O Diretório regional do PT em São Paulo entregou ontem ao Ministério Público Eleitoral uma notícia-crime contra a ONG Transparência Brasil, por causa da campanha “Não Vote em Mensaleiro”.

- Via Gustibus. Assistam Milton Friedman, em seu programa televisivo Free to Chose.
Guillermo, se você chegar a assistir isso, você vai ouvir o verdadeiro discurso neoliberal, e não esses dos "neoliberais" FHC, Alckmin, etc..

- Via CH. Votem em mim
Nelcy Campos é candidato do Partido dos Aposentados da Nação, em Pernambuco. Na tevê, ele avisa: “O PAN é um partido jovem.” Ah, bom.

quinta-feira, agosto 17, 2006

A Superioridade Moral de Israel

Texto escrito pelo Reinaldo Azevedo,e que vai no centro dessa discussão sobre a guerra de Israel.

A expressão da hora é “reação desproporcional”. É uma pena que eu não seja um desses pós-estruturalistas franceses para esgotar os 4 mil toques a que tenho direito só analisando as dimensões simbólica, histórica e psicológica de tal expressão. Vejam só: o substantivo e adjetivo primitivos do par acima é “ação proporcional”. Quando se fala “re-ação”, supõe-se a existência de dois tempos: um “antes”, em que alguém “age”, e um “depois”, quando vem a resposta. Quem acusa uma “re-ação” nem mesmo aspira à inocência. Sabe, então, que houve uma provocação e que o “outro” vai ocupar o tempo que lhe cabe na narrativa como protagonista ou antagonista — depende do ponto de vista.

Assim, quem conta com a “re-ação” chama o adversário ou inimigo para uma relação transitiva, para uma dança, para um pas de deux. Este que age, no entanto, espera daquele que “re-age” a observância das regras da “proporção”, como se estivessem apreciando um quadro, uma catedral ou lendo a Eneida, de Virgílio: as partes do todo devem provocar um sentimento estético de equilíbrio, de harmonia. “Re-agir” de forma “des-proporcional” corresponderia a fraudar as regras do jogo.

Essa digressão para o universo da linguagem me ajuda a denunciar uma fraude intelectual. Reparem que o pequeno detalhamento da expressão “reação desproporcional” revela uma dimensão amoral, sem história e sem escolhas. Qualquer disputa se encaixa naquela oposição estrutural. O bombardeio de Dresden, feito pelos Aliados, não se distingue do ataque a Pearl Harbor, uma vez que nós excluímos a moral da história, uma vez que ela se faz sem valores. Ou, pior ainda: sob certo ponto de vista, Dresden seria o símbolo da “reação desproporcional” dos que se opunham ao nazismo.

Louvado seja Deus que não sou estruturalista francês e indago, a cada ato, meu ou de terceiros, a que princípio moral atende e a que ética coletiva serve. Lamento profundamente as mortes de libaneses e israelenses na guerra que Israel trava contra o Hezbollah. Mas aponto a indecência da acusação de que há uma “reação desproporcional”. E o estruturalismo que não me convence me fornece, pelo avesso, as ferramentas para explicitar meu ponto de vista. Não se trata de duas forças igualmente legitimadas pela história.

Uma tem por princípio eliminar civis e praticar atentados terroristas para fazer valer o seu ponto de vista; impõe-se como força militar aos civis de seu próprio povo, que não têm outra saída a não ser aceitá-la — ou morrer; a outra está submetida aos controles da democracia e do Estado de Direito. Uma luta para que o adversário desapareça; afinal, nega-lhe o essencial: o direito de existir; a outra vai para o confronto porque se nega, vejam só!, a se comportar como um carneiro na hora fatal: gritar e morrer.

terça-feira, agosto 15, 2006

Oriente Médio, parte 5

Os muçulmanos xiitas do Líbano, que sempre foram marginalizadas do processo político e social da sociedade libanesa, assim como na maior parte do mundo muçulmano, passaram a se organizar. Criaram vínculos com o Irã, que é um país de absoluta maioria xiita (os xiitas representam menos de 10% dos muçulmanos do mundo) e acabaram criando uma milícia armada chamada Hizbollah. A agenda original era expulsar os invasores do Líbano. Nessa altura o Líbano, por diversas razoes, estava ocupado por dois exércitos distintos, o exército sírio e o exército israelense. A agenda do Hisbollah, contudo era somente a de expulsar os israelenses da região e isso seria comprovado posteriormente.

No ano 2000, após inúmeras baixas militares e pressão política, dentro e fora de Israel, o exército israelense finalmente retornou a suas fronteiras, apesar das críticas de muitos em Israel, sobretudo o partido direitista Likud, que colocavam que deixar o sul do Líbano nas mãos de grupos terroristas armados poderia ser novamente um erro vital no futuro. Israel então retirou suas tropas e foi assim reconhecido pela ONU que havia saído por completo do Líbano, cumprindo a resolução 425.

Para os terroristas do Hizbollah aquilo foi motivo de festa. Eles haviam mostrado e convencido os libaneses e a muitos do mundo árabe que eles foram os responsáveis por expulsarem os invasores do Líbano. O exército sírio espalhado por quase todo o país não era uma ameaça, não se via como um invasor, mas sim como um importante aliado.

A base de apoio do Hizbollah não era tímida. Esse grupo terrorista agia e ainda age em duas frentes. Na primeira, como todos sabem, na área militar recrutando e treinando combatentes e homens-bomba para atacar os inimigos e na outra, construindo e mantendo escolas, hospitais, creches e outros centros de apoio social para a população muçulmana xiita que hoje representa cerca de 40% da população libanesa.
Por: Saulo da Rocha

Oriente Médio, parte 4

A Organização da Libertação da Palestina (OLP) de Yasser Arafat mudou-se então para o Líbano. Milhares de imigrantes muçulmanos, a emigração cristã (muitos para o Brasil) e diferenças em taxas de natalidade, fizeram com que o equilíbrio demográfico que existia no Líbano se alterasse. O equilíbrio de poder que existia entre os cristãos e os muçulmanos na política não existia mais na demografia e, para os muçulmanos, isso precisava ser corrigido, digamos assim... era o início da guerra civil libanesa. Paralelamente a isso, os palestinos no sul do Líbano iam causando ataques ao norte de Israel, o que resultava em destruição e perdas de vidas civis.

Em 1978 um grande ataque terrorista por parte da OLP que acabou resultando na morte de 35 israelenses foi à razão para uma invasão ao Líbano. Israel invadiu o Líbano e avançou até dez quilômetros além da fronteira. O mundo reagiu em coro contra Israel, o Conselho de Segurança passou a resolução 425, impondo a imediata retirada das tropas israelenses do Líbano e enviando uma força internacional de paz. Em 1981 os Estados Unidos conseguiram um cessar-fogo, no entanto ele foi apenas formal, pois nos próximos 11 meses houve 270 ataques a Israel. Durante os quatro anos (1978-1982) as forças de paz não cumpriram seus objetivos, e os ataques da OLP e as conseqüentes retaliações continuaram.

Finalmente, em 1982 após inúmeros ataques por parte da OLP e uma tentativa de assassinar o embaixador israelense da Inglaterra, Israel invade novamente o Líbano e tenta desmantelar a estrutura terrorista liderada por Arafat. O exército israelense eventualmente conseguiu eliminar o perigo que a OLP representava para os cidadãos do norte de Israel e posteriormente a OLP se mudou para a Tunísia. Após tal fato, Israel procurou situar seu exército numa faixa de fronteira ao sul do Líbano, criando uma zona de segurança. Enquanto esse processo ia acontecendo, um outro fenômeno não menos importante ocorria...
Por: Saulo da Rocha

segunda-feira, agosto 14, 2006

Oriente Médio, parte 3

O Líbano é historicamente um país composto de diversos grupos étnicos e religiosos. Existem muitos grupos e subgrupos, contudo, quando se olha no agregado, existem basicamente os cristãos e os muçulmanos sunitas e xiitas.

Para entender os motivos que levaram a guerra civil libanesa e a participação israelense no Líbano em 1982, é importante voltar um pouco no tempo...

Após a Guerra dos Seis Dias (1967), quando os exércitos de países árabes novamente se preparavam para destruir Israel, mas novamente perderam a guerra, muitos palestinos que moravam na Cisjordânia (de 1948 até 1967 sobre controle da Jordânia) se mudaram para a Jordânia. Uma significativa parte desses palestinos que estavam na Jordânia era terrorista e em 1970 tentaram um golpe de Estado contra o Rei Hussein da Jordânia.

Em apenas uma semana a Jordânia matou dez mil palestinos como retaliação a tentativa de golpe e a situação para grande parte dos palestinos na Jordânia ficou insustentável, tal acontecimento ocorreu em setembro de 1970 e o evento ficou marcado como Setembro Negro. (Imagino que um fato tão importante como esse não seja de amplo conhecimento dos leitores, pois árabes matando árabes não vende na mídia, o que vende mesmo são judeus matando árabes).

Uma vez que essa situação estava insustentável, a liga árabe e outros países do mundo pressionaram para que algum outro país recebesse os milhares de palestinos discidentes. É evidente que nenhum país árabe da região tinha interesse em receber para si tamanho problema, mas, como o Líbano era o país mais fraco (politicamente, militarmente, geograficamente, etc.), acabou imposto que o esse país receberia os palestinos. Os países árabes não queriam receber os palestinos, tanto que a Síria não quis que os refugiados nem passassem por seu território, de modo que Israel gentilmente permitiu que os milhares de palestinos chegassem ao Líbano passando por um corredor dentro de Israel.
Por: Saulo da Rocha

domingo, agosto 13, 2006

Muda o Título do Blog Feijão!

Ô Meu velho, a galera tem escrito bastante ultimamente e esse título aí tá pouco atrativo. Cria algo mais informativo aí pro título, põe algumas características do blog ou coisa assim, que nem agente fez lá com a Opinião...

Rodrigo Lessa

sexta-feira, agosto 11, 2006

Os Políticos são Maus Motoristas?

Tem um monte de carro plotado e cheio de adesivos de canditos pela rua, eles devem ser uns 10% do total, mas os carros que vejo fazendo barbeiragem, cortando os outros, essas coisas desagradáveis... em mais da metade dos casos têm adesivos de algum político.

Alguém também já percebeu isso? Por que isso ocorreria?

quinta-feira, agosto 10, 2006

Oriente Médio, parte 2

Aparece então o terrorismo como novo paradigma, como a nova ordem ideológica. Os grupos terroristas genuinamente acreditam que através do uso do terror vão conseguir atingir seus objetivos. A Al Quaeda de Osama Bin Laden, por exemplo, tem até um cronograma de suas aspirações, elaborado em sete passos:

1 – O “acordar”, de 2000 – 2003 (início das operações da Al Quaeda)

2 – “Abrir os olhos” 2003 – 2006

3 – “Recrutar e preparar” 2007 – 2010

4 – Derrubar governos árabes 2010 – 2013

5 – Império Islâmico 2013 – 2016

6 – Confronto Total – 2016.......

7 – Vitória total no mundo.

Aposto que os outros grupos também têm sua agenda própria e fazem uso disso para se motivarem e acreditarem na capacidade de atingirem suas metas. Na maior parte dos casos, esses grupos terroristas são muçulmanos e uma eventual morte não se apresenta como problema, mas até mesmo como solução. Além de tudo isso, acredita-se que morrer em combate é uma dádiva e que terão por isso inúmeras recompensas, o que torna sua determinação ainda mais problemática para suas potenciais vítimas.

Feito um panorama geral, irei agora fazer um panorama histórico sobre o epicentro da atual crise no Oriente Médio....

Por: Saulo da Rocha

Adimirável Mundo Novo

"Porque nosso mundo não é o mesmo de Otelo. Não se pode fazer calhambeque sem aço - e não se podem fazer tragédias sem instabilidade social. Agora o mundo é estável. O povo é feliz; todos têm o que desejam e nunca querem o que não podem ter. Sentem-se bem; estão em segurança; nunca ficam doentes; não têm medo da morte; vivem na perene ignorância da paixão e da velhice; não se afligem com pais e mães; não tem esposas, filhos nem amantes a que se apeguem com emoções violentas; são condicionados de modo a se comportarem como devem. E se alguma coisa não estiver bem, há o soma. Que você atira pela janela em nome da liberdade, Sr. Selvagem. Liberdade! - Riu. - Espera que os Deltas saibam o que é liberdade! E quer também que compreendam o Otelo! Meu bom amigo!"

Esta passagem sai da boca do diretor regional mundial, o chefão do livro de Aldous Huxley. Nele o personagem explica como a engenharia social, via condicionamento educacional e cultural, tornou as pessoas mais felizes e estáveis em detrimento da sua liberdade de escolha.
Sabe aquele ditado de que a melhor critica a um futuro proposto por alguém é a sua descrição. Pois bem, junto com 1984, este livro serve como uma otima vacina contra as engenharias sociais.

Obs: O gustibus, misteriosamente voltou a funcionar.

A Course in Public Choice

Encontrei o site do Bryan Caplam, e seu blog. Cheio de links e cursos, em especial sobre a Escolha Pública.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Oriente Médio, parte 1

Anos atrás, estava conversando com um colega, falando sobre o passado, e percebemos como a relação entre civis e militares, na quantidade de mortos, havia se modificado drasticamente. Em guerras de cem, duzentos anos atrás, até mais antigamente que isso, a quantidade de civis mortos era extremamente alta em relação ao numero total de mortos.

De qualquer forma, não havia entidade supranacional para regular, estruturar ou fiscalizar qualquer coisa que fosse. Com a evolução das leis internacionais e com a própria estrutura dos exércitos, que passaram a montar bases de guerra em locais não civis e que eram devidamente identificados como soldados, houve uma reversão em relação ao número de civis mortos em relação ao número total. No Oriente Médio, e mais particularmente Israel e seus vizinhos, pôde ser visto em 1948 o que pode-se chamar de preocupação dos sete exércitos árabes (Egípcio – Saudita – Jordaniano – Libanês – Sírio – Iraquiano – “Palestino”) em proteger os civis do recém povo criado: Os “árabes palestinos”. Em 1948, um dia após a proclamação da independência do Estado de Israel (até então aquela terra era de domínio Britânico), os sete exércitos árabes proclamaram guerra ao minúsculo Estado de Israel e pediram que os civis árabes, que viviam na Zona de Combate (Israel), se retirassem para que se tornasse mais fácil a “varredura dos judeus” para o Mediterrâneo. A grande maioria dos que aceitaram a recomendação dos exércitos árabes saíram de toda aquela região ou foram para a Cisjordânia ou Gaza, virando assim, pelo menos em termos de nomenclatura: Refugiados. Aos poucos árabes que resolveram ficar, após a vitória israelense, foi oferecido, por parte de Israel, cidadanias israelenses. Muitos deles viviam em Haifa, cidade famosa pela coexistência entre árabes e judeus e que, 58 anos depois, vem sendo destruída pelo Hizbollah.

Retornando ao ponto, em 1948 o que pôde-se observar foram exércitos árabes contra o exército de Israel. Uma guerra então entre exércitos. De fato houve baixas civis, mas essas baixas eram pequenas, se comparadas às baixas militares, pois é isso que ocorre numa guerra convencional. Em 1956, 1967 e em 1973, novamente houve guerras entre os países árabes e Israel. Guerra entre exércitos.

Os países árabes viram então, empiricamente, que não seria fácil e simples destruir algo que para eles era simplesmente inadmissível: a existência do Estado de Israel. Pode-se dizer que o terrorismo do Hamas, da Jihad Islâmica, do Fatah, do Hizbollah, da Al Quaeda, do ETA, do antigo IRA, das Farcs e de muitos outros espalhados pelo mundo, é um reconhecimento de que seu poderio militar aberto é extremamente limitado e que através de guerras convencionais eles não conseguirão eliminar seus inimigos e/ou atingir seus objetivos.

Por: Saulo da Rocha, coleguinha de André na FCE-UFBA

segunda-feira, agosto 07, 2006

Sobre esta e outras invasões, e outros conceitos distorcidos... ATÉ QUANDO?

Repasso um texto excelente enviado pelo professor Plínio da FCE.
O autor do texto escreveu um clássico, uma bíblia cuja leitura deveria ser obrigatória a todo cidadão da AL - Veias Abertas da América Latina. Boa leitura.
Guillermo Etkin

ATÉ QUANDO?

Por Eduardo Galeano (*)

Montevidéu, julho/2006 - Um país bombardeia dois países. A impunidade poderia ser assombrosa, se não fosse costumeira. Alguns tímidos protestos dizem que houve erros. Até quanto os horrores continuarão sendo chamados de erros? Esta carnific ina de civis começou a partir do seqüestro de um soldado. Até quando o seqüestro de um soldado israelense poderá justificar o seqüestro da soberania palestina? Até quando o seqüestro de dois soldados israelenses poderá justificar o seqüestro de todo o Líbano?

A caça aos judeus foi, durante séculos, o esporte preferido dos europeus. Em Auschwitz desembocou um antigo rio de espantos, que havia atravessado toda a Europa. Até quando palestinos e outros árabes continuarão pagando por crimes que não cometeram? O Hezbollah não existia quando Israel arrasou o Líbano em suas invasões anteriores. Até quando continuaremos acreditando no conto do agressor agredido, que pratica o terrorismo porque tem direito de se defender do terrorismo? Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano... Até quando se poderá continuar exterminando países impunemente?

As torturas de Abu Ghraib, que despertaram certo mal-estar universal, nada têm de novo para nós, os latino-americanos. Nossos militares aprenderam essas técnicas de interrogatório na Escola das Américas, que agora perdeu o nome, mas não as manhas. Até quando continuaremos aceitando que a tortura continue legitimando, como fez o Supremo Tribunal de Israel, em nome da legítima defesa da pátria?

Israel deixou de ouvir 46 recomendações da Assembléia Geral e de outros organismos das Nações Unidas. Até quando o governo israelense continuará exercendo o privilégio de ser surdo? As Nações Unidas recomendam, mas não decidem. Quando decidem, a Casa Branca impede que decidam, porque tem direito de veto. A Casa Branca vetou, no Conselho de Segurança, 40 resoluções que condenavam Israel. Até quando as Nações Unidas continuarão atuando como se fossem outro nome dos Estados Unidos? Desde que os palestinos foram desalojados de suas casas e despojados de suas terras, muito sangue correu. Até quando continuará correndo sangue para que a força justifique o que o direito nega?

A história se repete, dia após dia, ano após ano, e um israelense morre para cada 10 árabes que morrem. Até quando a vida de cada israelense continuará valendo 10 vezes mais? Em proporção à população, os 50 mil civis, em sua maioria mulheres e crianças, mortos no Iraque equivalem a 800 mil norte-americanos. Até quando continuaremos aceitando, como se fosse costume, a matança de iraquianos, em uma guerra cega que esqueceu seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria?

O Irã está desenvolvendo a energia nuclear. Até quando continuaremos acreditando que isso basta para provar que um país é um perigo para a humanidade? A chamada comunidade internacional não se angustia em nada com o fato de Israel ter 250 bombas atômicas, embora seja um país que vive à beira de um ataque de nervos. Quem maneja o perigosímetro universal? Terá sido o Irã o país que lançou as bombas atômicas em Hiroshiima e Nagasaki?

Na era da globalização, o direito de pressão pode mais do que o direito de expressão. Para justificar a ocupação ilegal de terras palestinas, a guerra se chama paz. Os israelenses são patriotas e os palestinos são terroristas, e os terroristas semeiam o alarme universal. Até quando os meios de comunicação continuarão sendo medos de comunicação. Esta matança de agora, que não é a primeira nem será - temo - a última, ocorre em silêncio? O mundo está mudo? Até quando seguirão soando em sinos de madeira as vozes da indignação?

Estes bombardeios matam crianças: mais de um terço das vítimas, não menos da metade. Os que se atrevem a denunciar isto são acusados de anti-semitismo. Até quando continuarão sendo anti-semitas os críticos dos crimes do terrorismo de Estado? Até quando aceitaremos esta extorsão? São anti-semitas os judeus horrorizados pelo que se faz em seu nome? São anti-semitas os árabes, tão semitas como os judeus? Por acaso não há vozes árabes que defendem a pátria palestina e repudiam o manicômio fundamentalista?

Os terroristas se parecem entre si: os terroristas de Estado, respeitáveis homens de governo, e os terroristas privados, que são loucos soltos ou loucos organizados desde os tempos da Guerra Fria contra o totalitarismo comunista. E todos agem em nome de Deus, seja Deus, Alá ou Jeová. Até quando continuaremos ignorando que todos os terrorismos desprezam a vida humana e que todos se alimentam mutuamente. Não é evidente que nesta guerra entre Israel e Hezbollah são civis, libaneses, palestinos, israelenses, os que choram os mortos? Não é evidente que as guerras do Afeganistão e do Iraque e as invasões de Gaza e do Líbano são incubadoras do ódio, que fabricam fanáticos em série?

Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos US$ 2,5 bilhões, a cada dia, para os gastos militares. A miséria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, come os vivos e os mortos. Até quanto continuaremos aceitando que este mundo enamorado da morte é nosso único mundo possível? (IPS/Envolverde)

(*) Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina e Memórias do Fogo.

Problemas no CPU

Estou com um problema estranho, meu cpu não acessa o Gustibus, nem com o Mozilla ne com o IE, mas se eu usar um proxy eu consigo acessar. Muito estranho, né?

Ah, Saulo me prometeu um texto sobre a guerra de Israel, to esperando...
Enquanto isso vejam mais uma aplicação da teoria dos jogos.

Romances Psicológicos Em Machado de Assis, Um Estudo Literário.

Romances Psicológicos Em Machado de Assis


Antes de mais nada, apresentemo-nos ao homem de letras.
Machado de Assis nasce em 21 de Junho de 1839 para fazer história na literatura brasileira. E isto não só pelo seu legado de obras, que contém alguns dos grandes romances de nossa biblioteca nacional como Memórias Póstumas de Brás Cubas, mas também pela contribuição crítica que dispôs frente aos movimentos que lhe rodearam a existência literária, seja pela influencia que trouxeram ao seu criar artístico ou mesmo pela simples contemporaneidade com o escritor brasileiro.
Não sendo ele romântico, realista, naturalista, parnasianista ou simbolista pura e simplesmente, pretendeu guiar-se em meio a cada uma destas vertentes para desenvolver uma escrita particular, onde o excesso de cada um se tornasse a comedida busca de uma essência do ser humano. Um tipo de fusão do trágico com o cômico, só alcançada nele a partir de Brás Cubas, irá de sobremodo realizar um tipo de visão particular definitiva de Machado de Assis sobre a própria função da arte literária: ser uma espécie de consolo metafísico ao mal também metafísico de todo o absurdo da existência. Seria o papel principal da arte, encarar de frente o sem-sentido; os males da existência que não podem ser abrigados em nenhuma perspectiva absoluta de fonte de significações. Correntes literárias como a romântica ou naturalista sempre conservariam para Machado de Assis, uma possibilidade otimista aos casos da vida, como se a harmonia de alguns elementos de nossa existência dessem a ordem do dia às relações sempre intensas entre os homens. O mal irremediável e fatal corresponderia nesses termos ao interesse central do "artista trágico", sendo o ente desbravador dos males irremediáveis e fatais da existência para enfim trazer uma misteriosa consolação metafísica resultante deste enfrentamento (B. Filho, 1947*).
Ora, deixando de lado este adendo primeiro sobre o escritor, que pelo objetivo da crítica e conhecimento do crítico são em alguma medida superficiais, vejamos uma inferência talvez precipitada na crítica citada sobre o perfil psicológico dos primeiros romances de Machado de Assis, que se limitaria a sua obra inaugural Ressureição. Isso porque há desde Ressureição até Iaiá Garcia (que antecede Brás Cubas) e entre eles A Mão E A Luva e Helena, o que poderia se definir por um estudo profundo sobre o desenho psicológico que permeia as relações e escolhas amorosas. Algo como a sugestão de um jogo de peças sociais compostas por damas e pretendentes que se encaixam tendo em vista enlaces (também) sociais diversos, onde as virtudes humanas do romantismo ou o a frieza do realismo não deixam de existir, em tramas de finais surpreendentes.
Nada pouco atual, deveras. Hoje mais do que nunca tendemos a nos surpreender pessoalmente pelo modo como figuras de adoração amorosa tem presentemente na vida social um contorno bem definido. Não há aquele que não consiga supor ainda que ofuscadamente o perfil de sua(seu) adorada(o) ou a situação em que desejaria estar no momento em que talvez haveremos de encontrá-la(o). Emoção e razão têm papel equânime na definição do “ama-me” ou “amo-te” em Machado de Assis, quando uma interfere na outra para provar-nos o quão decisivas são estas escolhas mentais para o desenlace das relações humanas. Isto, mais de um século atrás, foi ― como pode-se perceber na primeira fase dos romances do autor, que tem em Brás Cubas o divisor de águas ― objeto de interesse e inspiração para seus quatro primeiros romances, diferentemente da exclusividade que se deposita em Ressurreição.

Nas Obras.

O primeiro Romance, Ressureição, conta na verdade uma estória simples. O pretendente ciumento de uma viúva jovem luta contra sua própria desconfiança frente às pessoas que se encontram a sua volta, inclusive a viúva, para viver o amor que tem por ela. Sua personalidade conflituosa padece frente a qualquer espectro de traição que possa surgir e termina por estragar a (talvez) única oportunidade de felicidade que realmente se monta em sua vida. O desfecho não é dos mais alegres.
Mas a forma pela qual Machado de Assis concebe a ocorrência destes elementos na mente humana está descrita literalmente em Iaiá Garcia. E isto se dá quando Jorge, ao afastar-se de Estela, vê-se encurralado por um conflito onde leis sociais e leis do coração dispõem-se em vetores até então opostos na definição de seu destino. Embora seu coração aponte Estela como sua amada incondicional, a fatuidade social que circunda seu sentimento os afasta, principalmente no que diz respeito à discordância de Valéria (mãe de Jorge) quanto à união. O conflito aparece na mente de Jorge como um mal insuperável, onde possibilidade de ir para a guerra crava em seu destino a condição cruel de não ter as duas naturezas (ou leis) em comunhão para frutificar o seu amor por Estela: “Tua mãe é que tem razão, brandava uma voz interior; ias descer a uma aliança indigna de ti; e se não soubesse respeitar nem a tua pessoa nem o nome de teus pais, justo é que pagues o erro indo correr a sorte da guerra. A vida não é uma égloga virgiliana, é uma convenção natural, que se não aceita com restrições, nem se infringe sem penalidade. Há duas naturezas, e a natureza social é tão legítima e impediosa como a outra. Não se contrariam, completam-se; são as duas metades do homem, e tua ias ceder à primeira, desrespeitando as leis necessárias da segunda”.
Aparece, pois, como é o braço central da compreensão da arte machadiana, um enlace psicológico de dois elementos que de modo algum convergem a um fim harmônico: neste caso, a guerra do Paraguai, onde Jorge servirá ao exército. O amor que nele existe pela lei do coração tem a falta das leis sociais que poderiam fazê-lo subsistir e florescer, o que resultará em seu desgaste quase completo com o passar do tempo. Afinal, as duas naturezas completam-se. Na falta de uma, a outra não pode subsistir. E o amor tende realmente a se esgotar, quando Jorge termina por amar e desposar Iaiá Garcia, enteada de Helena. Por fim mesmo Iaiá aparenta ter desenvolvido o amor por Jorge apenas pelo interesse individual de afastá-lo da harmonia de seu próprio lar ― de afasta-lo de Estela, que se encontra casada com seu pai. Aqui, por último, o amor nasce de uma fatuidade social, e nutrindo-se da correspondência afetiva consegue florescer mesmo sem um berço virtuoso, romântico.
Já em A Mão E A Luva e Helena, este caráter da obra, que nestas também é decisivo, aparece muito mais em função do desenlace final da estória. No primeiro livro, Guiomar se vê a princípio cortejada por dois rapazes, Estevão e Jorge, que lhe tocam de modos diferentes. Jorge é escolha de sua madrinha, mas não a ama muito; Estevão ama-lhe de todo coração, mas apenas isso, sem tocar-lhe de todo. Só Luís, que tem-lhe afeto sincero mas não tão exacerbado quanto Estevão, e possibilita a vida promissora e socialmente superior que Jorge não lhe proporcionaria, termina por tocar-lhe a alma e ser o bem aventurado que possuirá seu coração e sua vida. A dualidade se completa nela e para ela.
Por fim, Estevão, apesar de ser declarado irmão de Helena, conhecendo-a já quando mulher, termina por amá-la de todo coração. Quando descobre não ser ela sua irmã, e um e outro se admitem apaixonados, mas o fato de terem se tornado publicamente irmãos e a força das circunstâncias os impede de reverter o quadro, quee impõe o fim trágico da morte de Helena.
Destas evidências surge a discordância. Para Barreto filho, de quem extraí a síntese do pensamento artístico de Machado de Assis, “Os outros romances que se seguem, A Mão E A Luva, Helena e Iaiá Garcia, representam uma regressão aos moldes existentes. Triunfa neles a tendência vitoriana, volta a predominar a influência do ambiente, o esforço para julgar o impulso e penetração psicológica, e substituí-lo pelo jogo das situações romanescas, desenrolando-se no belo quadro social do segundo reinado”. Porém, o que surge na verdade destas obras é a composição de dois elementos determinantes para o desenrolar de uma situação psicológica. Uma natureza emocional e outra social que não se sobrepõem uma à outra, mas representam partes de um todo a estar em consonância para que os amores se realizem e as paixões não se esgotem. Afetos gratuitos podem verter fatuidades sociais ou não, da mesma forma que fatuidades podem gerar paixões, ou não gerar. Mas é só na dualidade essencial que se compreende o sucesso do sentimento e da união matrimonial em Machado de Assis. E essa dualidade define tanto o social quanto o psicológico. Tudo, por fim, resvalará na incerteza cruel por não haver um elemento claro e harmonizador das regras da existência humana, o que desde já sugere a visão trágica que se confirmará em Brás Cubas.

* Em Machado de Assis, Obra Completa Em Três Volumes. Condensado de
Introdução a Machado de Assis, RJ, Agir, 1947.


Por Rodrigo Lessa

sábado, agosto 05, 2006

Clipping

O Gustibus, não está funcionando.

A Facom vai realizar um curso de especialização e comunicação e politica, além disso em novembro ocorre em Salvador o encontro nacional dessa sub-diciplina.

Vou fazer um cursos de extensão em Políticas Públicas com Celina Souza, interessados olhem o site da Fapex. O curso custa 40 Reais, por 15 horas-aula. Tem um curso de Filosofia interressante lá também.

No dia 22 de agosto começa o III Festival de Software Livre da Bahia.

terça-feira, agosto 01, 2006

Política

O colunista de Atarde, Samuel Celestino, entrou nessa moda de blog (com um muito parecido com o do CH)

A campanha de Wagner (PT) está com um blog cheio de links.

Já o PFL da Bahia, tem um site com uma base de dados eleitorais maior que a do TRE-BA.

O Shikida, acha interessante a diversificação do portifolio de doações de empresas para politicos, vejam o caso da Gerdau.