quarta-feira, setembro 28, 2005

Ética

Parte de um texto de Reinaldo Azevedo, falando sobre Marile Chaui.

"Finalmente, observo que a filósofa está calada, mas nem tanto. Nesta madrugada, eu a vi na TV Cultura, numa série de cursos que a emissora tem promovido com especialistas. Num dado momento, de ilação em ilação, chegou à formulação de que a igualdade é a base e a condição da ética, de modo, entendo, que não pode haver ética onde não há igualdade. Se a igualdade é, a um só tempo, elemento constitutivo e objetivo da ética, esta é que passa a ser elemento instrumental daquela. Logo, em nome da igualdade, meus caros, tudo passa a ser permitido. Porque os fins tornarão éticos quaisquer meios. Faz sentido: esta é a essência do pensamento socialista. Assim eles mataram 200 milhões para criar um novo mundo, que, dizem, ainda não chegou. Continuam a aguardar o Messias. E a usar a sua “ética” para tanto."

4 comentários:

Anônimo disse...

E assim caminha a mentalidade reacionária...montada em sofismas, cavalgando pelos campos eternos do preconceito e do falseamento histórico.

VIDA ETERNA AOS IDEÓLOGOS COWBOYS!

Anônimo disse...

Gostaria de propor, para o próximo encontro, um debate curto (ja q o tema geral, creio, ja foi definido) acerca do excerto retirado do texto de Reinaldo Azevedo.

Abraço

Anônimo disse...

Ou seria; MORTE AOS IDEÓLOGOS COWBOYS?!

Anônimo disse...

O surgimento de Maquiavel na história da política pode ser construtivo nesse debate. Seu pensamento se direcionou a contestar uma linha moral que definia a ética na política segundo a interpretação religiosa sobre a palavra divina. Quem dava as cartas éticas era portanto a Igreja, ou deus mais precisamente.
Maquiavel entra nesse contexto para questionar o sucesso dos governantes que até então seguiram à risca os preceitos éticos da Igreja e mesmo a efetividade da ação daqueles que à desrespeitavam completamente. Para ele, o príncipe deveria se utilizar dessa moral religiosa na medida em que precisasse se mostrar bom para seus súditos, e no entanto viola-la à medida em que a duração segura do seu governo se mostrasse ameaçada.
Havia assim duas virtudes: a virtude do povo, alcançada com o respeito à diligência religiosa, e a virtú dos príncipes, que correspondia a qualquer ação política para defender a manutenção do governo. O príncipe deveria, segundo ele, assegurar a sua virtú em primeiro lugar, utilizando-se da virtude dos homens à medida que fosse interessante para fortalece-la.
Tomando por base a discussão entre igualdade e ética, parece que o PT toma para si novamente, como fez a Igreja, o elemento que define a ética, ou melhor, a interpretação deste elemento (como a Igreja fez ao se intitular a legítima intérprete das escrituras sagradas). Haveríamos de nos questionar se seus militantes, ao deixarem esse elemento com a própria ação política (como fez Maquiavel) não se sairiam melhor? Se for fato a impossibilidade de um partido de esquerda assumir a presidência sem um caixa dois, e essa regra faz parte da política, talvez a discussão ética tomasse outro rumo para eles. Afinal, seguiram suas regras (as da política), e não as da sua própria interpretação.
Restaria no entanto o imperativo necessário de que, pelo menos, não se declarassem acima dessa ética política, porque na verdade foi o que fizeram. Até por ter sido esse um dos pontos mais fortes da popularidade do partido.